Em sua lista de privatizações, o presidente Javier Milei já antecipou que o Banco de la Nación Argentina, que comemora 132 anos de história, passará mais cedo ou mais tarde para mãos privadas. As informações são do jornal Página 12, que acrescenta que “o anúncio incomodou as mais de 17 mil famílias que trabalham nas 739 filiais que tem espalhadas pelo país e que não sabem qual será o seu futuro se isso acontecer.”
Sindicatos da categoria decidiram iniciar uma campanha para recolher um milhão e meio de assinaturas em todo o país. Desta forma, poderia ser apresentado um Projeto de Lei para evitar a privatização.
Em comunicado, explicaram que este órgão autônomo do Estado tem autonomia orçamental e administrativa, e não gera qualquer déficit.
Além disso, as entidades classistas destacam o lugar que o banco ocupa em nível nacional apesar de alguns setores quererem desacreditá-lo: “Em setembro de 2023, ocupava o primeiro lugar no ranking de entidades financeiras da revista Mercado. especializada em questões econômicas, que valorizou o crescimento e desenvolvimento, o nível de benefícios, a qualidade do serviço nas sucursais e filiais e sobretudo a sua participação na promoção da actividade econômica e da produção industrial no país”, afirmou o sindicato.
Acrescentou que “O ranking também colocou o BNA como a segunda empresa mais rentável, considerando um universo total de 1.000 empresas a operar no país. Acumulou resultados operacionais de US$ 667.864 milhões em outubro de 2023. Durante os primeiros oito meses de 2023, dados publicados , o valor parcial ultrapassou os US$ 450 milhões, o que demonstra um melhor desempenho que nos anos anteriores”, conclui o documento.
Também nesta semana, Milei publicou mais um decreto cortando recursos para províncias argentinas. Dessa vez, ele cancelou o Fundo de Fortalecimento Fiscal da província de Buenos Aires, causando a ira do governador Axel Kicillof, que prometeu recorrer da decisão.
Em entrevista coletiva, Kicillof disse que o presidente está extorquindo e ameaçando as províncias argentinas.
“O ajuste não foi nem contra a casta, nem contra um setor exclusivo, nem contra a política. O ajuste, e hoje está claro, foi contra o povo da província e de todo o país” afirmou o governador, alertando que o corte prejudica, entre outras despesas, o pagamento dos salários de professores e o financiamento da alimentação dos alunos.
Na semana anterior, Milei suspendeu recursos da província da região patagônica Chubut. Em resposta, o governador Ignacio Torres recorreu à Justiça e prometeu suspender o fornecimento de petróleo e gás para o resto do país. Outros quatro governadores da Patagônia argentina, responsáveis pela produção de cerca de 90% do petróleo e gás do país, se manifestaram em solidariedade à província de Chubut.
Na terça-feira, a primeira instância da Justiça Federal mandou o governo nacional devolver o acesso aos recursos de Chubut, mas o governo Milei informou que irá recorrer da decisão.
Em entrevista ao jornal La Nación, Torres afirmou que o objetivo do governo nacional é “matar uma província para exemplificar e disciplinar o resto” e acrescentou que Milei corta “qualquer ponte de diálogo com qualquer governador, deputado ou qualquer pessoa que ouse dizer que não está de acordo com algo”.
Em rede social, o presidente Javier Milei comentou a crise política justificando que “a casta política está chafurdando na miséria e apelando a todo tipo de mentiras para defender seus privilégios e assim carregar os custos de seus delírios sobre os bons argentinos”.
Ao justificar o cancelamento do fundo de Buenos Aires, o governo argentino disse que a medida é necessária para efetuar o ajuste fiscal de até 5% do Produto Interno Bruto nas contas do Estado.
Segundo a Agência Xinhua, a atividade industrial na Argentina cairá 4% em 2024, devido ao impacto da queda do consumo e das obras públicas, segundo estimativas divulgadas hoje, quarta-feira, pela União Industrial Argentina (UIA).
A projeção da entidade, representativa da atividade industrial nacional, baseou-se num inquérito realizado a mais de 700 empresas que nos últimos meses refletiram um menor desempenho produtivo com quedas homólogas devido às condições macroeconômicas do país.
“Houve predominância de empresas com quebras nos níveis de produção, vendas para o mercado interno, exportações e emprego, e o indicador de desempenho industrial manteve a tendência decrescente observada em inquéritos anteriores”, refere um relatório da UIA.
A organização empresarial informou que em 2023 a actividade industrial cresceu 0,3% em termos homólogos, mas só em Dezembro a descida foi de 8,3% face ao mesmo mês de 2022.
Na medição mensal, a indústria contraiu 6,4% em dezembro ante novembro, fechando o último trimestre do ano com queda de 4,2%.
“Os dados antecipados de janeiro mostraram um desempenho inferior da indústria, com um aprofundamento do declínio em vários setores”, alertou a UIA.
Relativamente ao desempenho de 2023, a organização assegurou que a variação de 0,3% e a forte descida no final do ano “foi marcada pela heterogeneidade a nível setorial”, mencionando o impacto da seca nas actividades ligadas à agroindústria mas dinâmica positiva em setores como automotivo, energia e mineração.
“Para além desta heterogeneidade, todos os setores foram afetados pela dinâmica macroeconômica de falta de moeda estrangeira e pela elevada disparidade cambial”, conclui o relatório.
Com informações do Página 12, da Agência Brasil e da Xinhua
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