Ministério da Saúde viu Coronavac como um ‘cemitério de vacinas’

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Élcio Franco. Foto: Palácio do Planalto

Ao depor na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, nesta quarta-feira, o ex-secretário do Ministério da Saúde, Élcio Franco, minimizou a recusa inicial do governo em adquirir vacinas e de defender o tratamento precoce. Segundo ele, a recusa em comprar a Coronavac em julho do ano passado ocorreu devido a “incertezas” no desenvolvimento da vacina, chegando a afirmar ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), que houve um receio de que o imunizante terminasse em um “cemitério de vacinas”.

O ex-secretário e coronel, braço direito na administração do general da ativa Eduardo Pazuello como ministro da Saúde, disse que a cloroquina, comprada em 2020, foi para tratar malária, e não como tratamento precoce nos casos de Covid-19. Sobre o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro disse ter ordenado a Pazuello o cancelamento da compra da Coronavac, o ex-secretário declarou que “não houve cancelamento, as vacinas seriam adquiridas desde que aprovadas pela Anvisa”.

“As tratativas continuaram. Haveria em caso de dificuldade de comunicação por parte do Butantan em ter conversado comigo. Não entendi como ordem do presidente e pelo que me lembro não consultei o ministro sobre esse aspecto. As tratativas não pararam e continuamos cobrando do Butantan dados técnicos dos estudos clínicos, que eles demoravam a nos reportar”, afirmou.

O ex-secretário defendeu o tratamento precoce, afirmando que este é “a melhor medida preventiva para qualquer morbidade”. Não levando em consideração o fato de que esse tratamento é amplamente criticado entre especialistas, disse que “nós partimos para o diagnóstico precoce em qualquer situação médica”, passando para os médicos a responsabilidade a prescrição dos medicamentos.

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A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) perguntou se Franco adotou o tratamento precoce após ele próprio ter sido infectado pelo coronavírus. “O médico me recomendou e eu tomei hidroxicloroquina na fase viral”, afirmou. Ele disse que foi medicado com ivermectina, anticoagulantes e dexametasona injetável.

O ex-secretário contou que foi internado e teve de 25% a 50% do pulmão comprometido, o que levou os senadores a ressaltarem que isso ocorreu mesmo após a aplicação dos remédios sem eficiência comprovada contra a Covid-19, que formam o chamado tratamento precoce.

Ao responder para o relator Renan Calheiros se manteve contato com integrantes do suposto “gabinete paralelo”. Franco disse que se lembra de ter se encontrado uma ou duas vezes no ministério com a médica Nise Yamaguchi, oncologista que também defende o tratamento precoce, que teria participado do grupo que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro.

O ex-secretário disse que também teve contato com o empresário Carlos Wizard, que teria passado um mês despachando em Brasília sem ter qualquer cargo no governo federal. O encontro com Wizard teria sido para tratar de vacinas, uma vez que ele estaria procurando dados para vacinar seus funcionários.

Confirmou, também, ter mantido contato com o deputado federal Osmar Terra, acusado de ser um dos organizadores do tal “gabinete das sombras”, mas somente para tratar de emendas parlamentares. O nome de Terra estava entre os convocados nesta quarta-feira para prestar depoimento à CPI nas próximas semanas. A exemplo do general Pazuello, o coronel Écio Franco recebeu um cargo no Palácio do Planalto: assessor especial da Casa Civil

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