Ministro quer acabar com a Ceitec e diz que 5G será mais barato que 4G

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Fabio_Faria_ministro_Comunicacoes_Foto_Marcelo_Camargo_ABr
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Depois de convidar o trilionário Elon Musk, com uma fortuna calculada em R$ 1,7 trilhão, para construir uma fábrica de semicondutores no Brasil, sendo que o país já tem uma empresa, a Ceitec, que produz o mesmo, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse nesta terça-feira que a entrada de novas operadoras com o resultado do leilão do 5G vai aumentar a competitividade e fazer com que preço da telefonia móvel no 5G, “provavelmente” seja inferior ao da tecnologia 4G. Realizado no início do mês, o certame selecionou operadoras de serviços da nova geração da telefonia móvel e arrecadou R$ 47,2 bilhões.

O leilão ofereceu para arremate quatro faixas de radiofrequências – 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz; e 26 GHz, que têm finalidades específicas de mercado, divididas em diversos lotes. Operadoras já em atuação no país, Claro, Vivo e TIM, arremataram o lote principal do leilão, de abrangência nacional, pelo valor de R$ 1,1 bilhão.

Além delas, Sercomtel e Algar Telecom, de atuação regional, também levaram lotes e seis novas operadoras entrarão em operação no mercado – Winity II, Brisanet, Consórcio 5G Sul, Neko, Fly Link, Cloud2u.

Segundo Faria, o resultado mostrou que, além das capitais dos estados, 1.174 municípios com mais de 30 mil habitantes serão atendidos por pelo menos três prestadoras de telefonia móvel. “Isso nos dá a garantia de que o preço que iremos pagar pelo 5G, provavelmente será mais barato do que no 4G”, disse Faria durante audiência nesta terça-feira na Comissão de Infraestrutura do Senado para debater a implantação da tecnologia.

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Para o ministro, o resultado mostrou que alguns provedores de internet entraram na disputa e também passarão a oferecer, além do acesso à rede de computadores, serviço de telefonia. “No Rio Grande do Norte, por exemplo, nós temos Vivo, Claro e Tim. Com leilão, a Brisanet virou operadora, então vai ter mais disputa de preço”, afirmou o ministro. “As maiores disputas no leilão foram nos lotes regionais. Tivemos ágio de 211% no leilão, mas se colocar, por exemplo, lá no Nordeste o ágio foi de 13.000%; a Brisanet ganhou”, acrescentou.

Faria disse ainda que nem todos os lotes do leilão foram contratados. Foram arrematadas 85% das faixas disponíveis e que até o próximo ano, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve liberar os 15% restantes para novo leilão.

Na audiência, o ministro foi questionado a respeito das medidas previstas com o leilão para o aumento da conectividade no país. O senador Jayme Campos (DEM-MT) lembrou que são os pequenos provedores que acabam levando conectividade para as localidades mais distantes. Ainda de acordo com o senador, poucas capitais têm legislações voltadas para favorecer a implantação da nova tecnologia. Ele citou a necessidade de se ampliar o número de antenas. “Algumas regiões do nosso estado, sobretudo a região Noroeste, lá quem faz e quem construiu a pequena torre foram os pequenos operadores”, disse. “Tínhamos que incentivar esses porque, na verdade, os bacanas, como eu chamo as grandes empresas, eles não querem conectar, não querem roer o osso, querem só o que é bom”, afirmou.

Aos senadores, o ministro disse que devido ao leilão não ter sido arrecadatório, as empresas vão ter mais facilidade para realizar os investimentos necessários para ampliar o sinal de telefonia. Faria disse ainda que os pequenos municípios, com menos de 30 mil habitantes serão atendidos por pelo menos uma operadora e que as regras do edital determinam que que até 2028 todos os municípios do país sejam atendidos com o sinal 5G.

“A cada ano, as empresas têm uma obrigação mínima de colocar antenas. Se não houvesse essa política pública, as operadoras jamais iriam para Rio Branco, Porto Velho, Natal ou João Pessoa. Iriam ficar apenas na Região Sudeste”, disse. Além dos municípios, o leilão do 5G prevê que 35,7 mil quilômetros de rodovias federais serão atendidos com redes de telefonia móvel.

Ceitec

O convite que o ministro Fabio Faria fez para Elon Musk de construir uma fábrica de semicondutores no país, revoltou trabalhadores da Ceitec. Eles foram até as redes sociais e criticaram a postura do ministro e do governo que quer fechar a única estatal do país e da América Latina que produz chips.

No perfil da Associação dos Colaboradores da Ceitec (Acceitec), no Twitter, foi colocado um post que faz a crítica: “Montar uma fábrica de #chip não é bem assim, sem uma contrapartida como fizeram a Índia. Montar aqui no Brasil para atender exclusivamente a produção da Tesla, recebendo todo os subsídios fiscais e usando nossa mão-de-obra barata”.

Segundo os ex-ministros dos governos do PT Miguel Rossetto e Ricardo Berzoini, que acompanharam a instalação da Ceitec, fechar a fábrica de chips, é um escândalo, ilegal e estúpido. De acordo com eles, a implantação de outra fábrica aqui demoraria anos e aprofundaria a dependência do Brasil no setor de semicondutores.

Para os ex-ministros, o problema não é convidar um empresário a abrir uma empresa aqui, e sim querer fechar a única que temos, com a desculpa de que não dá retorno financeiro. E isso no momento em que o produto está em falta em todo o mundo e países como Estados Unidos e China investem pesado para aumentar a produção.

“Pode abrir, mas não precisa fechar outra. O objetivo da Ceitec é acumular conhecimento, e isso se faz com investimento pesado, as máquinas de circuitos integrados são caríssimas, e quem fabrica é a Holanda. Nós precisamos aprender e isso leva tempo, investimento, e capital humano. Fechar a Ceitec é fazer com quem os cérebros saiam do país”, explicou Berzoini, ao frisar que sem empresas aqui na produção de chips, os cientistas brasileiros irão buscar empregos fora do país.

Rossetto também defende novos investimentos no setor de semicondutores. “Outros investimentos são importantes e bem-vindos, mas o Brasil precisa de mais investimentos públicos e privados na ciência para reduzir a sua dependência. Hoje tem uma crise global, pela interrupção da fabricação de chips, por causa da pandemia. É mais uma demonstração da necessidade de rompermos essa dependência produtiva e tecnológica. É inaceitável a liquidação da Ceitec”, afirma.

Segundo ele, a Ceitec pública faz  parte de um projeto de microeletrônica nacional, que começou a ser construído em 2000, mas só foi impulsionado por Lula e Dilma. A estatal começou a operar em fase preparatória em 2005 e só foi constituída oficialmente em  2008, mas a conclusão de todo o processo foi em 2017. “É muito pouco tempo para dar lucro. O governo brasileiro investe apenas R$ 80 milhões ao ano. Não é nada se comparado a outros países do mundo,  como a China, Estados Unidos, Alemanha, Coréia do Sul  e Taiwan, que investem bilhões de dólares para serem independentes em tecnologia”, diz Rosseto.

Da Redação com informações da Agência Brasil e da CUT

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