Miopia

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Em Nova York, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que a economia brasileira deverá continuar com “elevada taxa de investimento”. Preocupante: ou o ministro não sabe que a taxa brasileira é baixíssima e incapaz de atender às necessidades da nação, ou está satisfeito com o baixo nível de investimentos.

Apagando a fumaça
A informação divulgada pelo Ministério da Saúde de que nos últimos 20 anos o número de fumantes no Brasil caiu de 33% para 18% da população reafirma a importância das políticas públicas para o aumento do bem-estar da população e a importância de propagandas capazes de desmontar os mitos da publicidade. Além do ganho em qualidade de vida, a redução de 45% em duas décadas também resulta em ganhos econômicos relevantes para a Saúde.

Engordando o capital
Ao mesmo tempo, a advertência do Ministério da Saúde de que, em 2010, os brasileiros acima do peso já somavam 48,1% da população, dos quais 15% eram obesos, contra 42,7% e 11,4%, respectivamente, cinco anos antes, realça a importância da decisão da Anvisa de restringir a publicidade de alimentos com elevada caloria. O fato de agências de publicidade e empresas produtoras desse tipo de produto se oporem à medida demonstra que, para grande parte das companhias, responsabilidade social é apenas um bom slogan de marketing. Já a tentativa de transformarem a defesa de seus interesses econômicos numa bandeira em defesa da liberdade de escolha do consumidor explica o incremento da produção de óleo peroba no Brasil.

Cinco anos em vinte
De 2005 a 2009, os negócios na área de engenharia industrial cresceram quase 320%, revela o Relatório 2010 da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi). O número de empregos do setor passou de 115 mil para mais de 351 mil. Destes, 32 mil são profissionais de nível médio e quase 30 mil são engenheiros ou outros profissionais de nível superior. “Vale lembrar que, em 1997, o setor fora reduzido a cerca de 70 mil empregos, no auge da crise na área industrial do país”, aponta a entidade.
Como explica o presidente da Abemi, Carlos Maurício de Paula Barros, “a engenharia brasileira foi seriamente afetada pela falta de investimentos nos 1980 e 1990. Por conta disto muita gente mudou de atividade e milhares de engenheiros abandonaram a profissão. Agora estamos vivendo um período dinâmico, com novas demandas em tecnologia, formação de pessoal e investimentos. Felizmente, o setor está conseguindo responder bem a todos os desafios, especialmente nas áreas de petróleo, mineração e siderurgia, as mais ativas neste momento”.

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Também no futebol
A primeira partida ente Real Madrid e Barcelona, das quatro que estão sendo chamadas de “jogos do século”, mostram que, no futebol, assim como na economia, a capacidade de deslumbramento dos analistas de televisão tupiniquins é inabalável. Os dois times poderão vir a fazer confrontos  memoráveis, mas o jogo do último sábado foi, na melhor das hipóteses, morno. O que não impediu que os especialistas aqui deitassem elogios ao “nível da partida” e à tática do “melhor técnico do mundo” – que consistiu em povoar o meio campo de jogadores, façanha que conseguiu deixar o Real Madrid com menos de 30% da posse de bola; nada diferente do que fazem no Brasil Joel Santana ou, exagerando um pouco, Muricy Ramalho.

Malcheirosa
A tsunami de esgoto que emergiu de uma estação de tratamento da Águas de Niterói – beneficiária da privatização da Cedae naquele município fluminense – acrescentou mais um  sentido aos efeitos da privatização no cotidiano dos brasileiros. Além de preços salgados, serviços de péssima qualidade e impossibilidade de o consumidor reclamar seus direitos, a privatização é malcheirosa.

Alguém acredita?
Até quando as agências de rating continuarão a dar pitacos e operar os mercados mundiais?

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