Miséria latino-americana

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Informe sobre o Desenvolvimento Humano (1997) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – nos dá conta de que 11% da população latino-americana não chegará aos 40 anos de vida; 55 milhões de pessoas não têm acesso a serviços de saúde e 110 milhões à água potável. O percentual da população que vive abaixo do nível internacional de pobreza ( o equivalente a um dólar ao dia) aumentou de 22% em 1987, para 24% em 1993.
Existem outras cifras, igualmente impactantes, que não aparecem neste informe das Nações Unidas, mas que figuram em estudos feitos por outros organismos internacionais sobre a estrutura social da região e que contribuem para aumentar a inquietude como aquelas que nos revelam que, nos últimos 15 anos, os índices de pobreza sofreram um incremento de 40 milhões de pessoas no atual e doloroso universo de 170 milhões de pobres, o que representa, indubitavelmente, o problema de maior relevância e de maior gravidade de nosso Continente. Lamentavelmente, constata-se que neste significativo número de pessoas apresadas pela miséria figuram milhões de brasileiros.
Como superar esta angustiante situação? Como vencer a pobreza e alcançar um desenvolvimento equilibrado? É uma utopia o crescimento com equidade?
A realidade tem demonstrado que não é uma quimera a aspiração de abater a pobreza e crescer simultaneamente. Para isto é necessário por ênfase especial no desenvolvimento humano pois quanto maior for o progresso das pessoas, mais rápido será o banimento da pobreza crítica, e mais fácil será a tarefa de aplicar programas econômicos que garantam uma significativa rentabilidade social e um alto grau de desenvolvimento econômico.
O Chile tem sido um exemplo inconteste desta afirmativa. Este país superou com um crescimento de 7,5% a média anual de toda a região que foi de 3%, entre 1991 e 1995, e se converteu em líder do continente em expectativa de vida, sistema educacional e nível decente de vida.
Para o Continente e para o Brasil em particular, vencer a pobreza crítica é o desafio maior, a meta mais importante, a que não pode ser postergada sob pena de condenarmos esta imensa massa humana de excluídos ao eterno sofrimento.
Com este propósito, deve ser prioritário e imprescindível em todas as nossas estratégias de crescimento – posto que o homem é sujeito e fim de todo desenvolvimento – não desanimar na tarefa de transformar, urgentemente, as estruturas de nossa economia e, concomitantemente, realizar programas sociais que assegurem um crescimento eqüitativo e que garantam, em suma, que a penosa situação de sobrevivência com desespero de milhões de seres humanos seja permutada por um nível de vida com dignidade e esperanças.
Preocupemo-nos com a perversa e perigosa miséria em nossa região antes que seja tarde demais…

Manuel Cambeses Júnior
Coronel-aviador R/R e membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra.

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