Moeda do Brics terá 1 ano para avançar

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Brics na África do Sul (Foto: Katlholo Maifadi, Dirco, 15th Brics Summit)
Brics na África do Sul (Foto: Katlholo Maifadi, Dirco, 15th Brics Summit)

O Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que a partir de 2024 terá mais seis membros) começa a pensar em uma moeda comum para transações entre seus membros.

Os países enfatizaram a importância de encorajar a utilização de moedas locais no comércio internacional e nas transações financeiras entre as nações do bloco e os seus parceiros comerciais.

Lula explica que moeda do Brics seria referência para negócios

Na Declaração de Joanesburgo II, divulgada após a 15ª Cúpula do Brics, que durou três dias, os países afirmaram que encarregaram os ministros da Economia e presidentes dos Bancos Centrais de considerarem a questão das moedas, instrumentos e plataformas de pagamento locais e encaminharem os resultados até a próxima Cúpula.

Em conversa com jornalistas antes de deixar a África do Sul rumo a Angola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou os avanços fundamentais e fez uma avaliação muito positiva da Cúpula.

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Sobre a criação de uma moeda do Brics, Lula disse que não se trata de mudar a unidade monetária dos países, mas de ter uma moeda que permita a negociação paritária nas trocas internacionais e dispense a compra de dólar para tal.

“Não houve nenhum fórum no mundo que decidiu que o dólar seria a moeda referência para negócios. Simplesmente saiu o ouro, entrou o dólar e ficou”, disse. Segundo Lula, os países-membros do Brics terão um ano para avançar na ideia. “No próximo encontro, que acontecerá na Rússia em 2024, os países vão discutir se há consenso ou não”.

Os países do Brics encorajam o “fortalecimento das redes de correspondentes bancários entre os países do Brics e a possibilidade de liquidações nas moedas locais”, conforme a Declaração.

Maduro defende nova arquitetura financeira com desdolarização

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs, quinta-feira, que se avance para “a configuração de uma nova arquitetura financeira internacional”, que facilite as transações com uma ampla cesta de moedas nacionais.

Maduro enquadrou as suas propostas na necessidade de “avançar no processo de desdolarização da economia mundial”, dado o que considera a utilização da moeda norte-americana como um “mecanismo de guerra econômica” contra alguns países.

No seu discurso por teleconferência, Maduro propôs “acessar novas formas de financiamento que contribuam para a recuperação e o crescimento das nossas economias”.

Os elevados níveis de dívida em alguns países reduziram o espaço fiscal necessário para enfrentar os desafios de desenvolvimento em curso, agravados pelos efeitos colaterais dos choques externos, particularmente do forte aperto monetário nas economias avançadas.

Maduro reiterou o pedido da Venezuela para fazer parte do grupo Brics, lembrando que entre as potencialidades do país sul-americano estão as suas grandes reservas de petróleo e gás, bem como a sua riqueza mineral e a sua posição geográfica estratégica.

EUA e Europa elevam juros e atingem dívidas dos emergentes

Na Declaração de Joanesburgo II, os países do Brics salientaram que o aumento das taxas de juro e as condições de financiamento mais restritivas agravaram as vulnerabilidades da dívida em muitos países. Observam que é necessário abordar adequadamente a agenda da dívida internacional para apoiar recuperação econômica e desenvolvimento sustentável, tendo em conta as leis e procedimentos internos de cada nação.

Um dos instrumentos para abordar coletivamente as vulnerabilidades da dívida é através da implementação coordenada do Quadro Comum do G20 para o Tratamento da Dívida, com a participação de credores bilaterais oficiais, credores privados e bancos multilaterais de desenvolvimento, em linha com o princípio de ação conjunta e partilha justa de encargos, sublinharam na declaração.

Ampliação do Conselho de Segurança da ONU

Os países do Brics manifestaram seu apoio a uma reforma abrangente das Nações Unidas (ONU), incluindo o seu Conselho de Segurança, com vista a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente.

Na Declaração de Joanesburgo II, os países do bloco afirmaram que a reforma precisa de aumentar a representação dos países em desenvolvimento no Conselho para que este possa responder adequadamente aos desafios globais prevalecentes.

Os cinco países do Brics – que serão 11 a partir de 2024 – também afirmaram que apoiam as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento de África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil, Índia e África do Sul, de desempenharem um papel mais importante nos assuntos internacionais, em particular na ONU, incluindo o seu Conselho de Segurança.

Matéria atualizada dia 25/08 às 08h30 para inclusão de conteúdo

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