A situação é tensa em Maputo, capital de Moçambique, nesta quinta-feira, com o regresso do exílio de Venâncio Mondlane, o líder da oposição que declarou ser o líder legítimo eleito do país.
Pelo menos três pessoas foram mortas a tiro pela polícia moçambicana durante o desfile de saudação ao candidato presidencial Venâncio Mondlane, que chegou na manhã desta quinta-feira, no Aeroporto Internacional de Maputo, após uma ausência de dois meses.
Embora os milhares de apoiadores de Mondlane estivessem desarmados, não representando nenhuma ameaça, a polícia usou munição real para dispersá-los.
Mondlane estava exilado na Europa desde a eleição presidencial em outubro de 2024, que ele disse ter sido fraudada em favor do partido governista Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e seu candidato Daniel Chapo.
Ele foi recebido por uma grande multidão de apoiadores ao chegar ao Aeroporto, sob forte segurança. Mondlane disse que estava pronto para negociar para resolver a tensão em torno da eleição. “Tive que quebrar essa narrativa de que estava ausente por minha própria vontade”, disse Mondlane a repórteres em comentários que também foram transmitidos ao vivo em sua página no Facebook. Estou aqui em carne e osso para negociar, se você quiser”, frisou.
Ele disse que voltou para se aproximar do movimento de protesto, que já deixou dezenas de mortos.
Mondlane disse que também voltou para testemunhar o que chamou de “genocídio silencioso” de seus apoiadores e para se defender das acusações de que ele era culpado pelos danos causados durante os protestos.
O Frelimo governa Moçambique desde a independência de Portugal em 1975. Chapo deve ser empossado como presidente em 15 de janeiro.
Em 23 de dezembro, o mais alto tribunal do país declarou que Chapo garantiu 65,2% dos votos, o que desencadeou outra onda de protestos de apoiadores de Mondlane, que o tribunal disse ter conquistado 24,2% dos votos.
Observadores eleitorais disseram que havia evidências de fraude eleitoral, mas alguns analistas alertaram que a Frelimo ainda pode ter vencido sem qualquer manipulação.
Primeiro ministro de Portugal
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, falou por telefone, nesta quinta-feira com Daniel Chapo e demostrou sua preocupação com “o clima de violência e tensão” em Moçambique e reiterou disponibilidade para trabalhar com “as autoridades e as restantes forças políticas”.
Na conversa, ainda foi abordada a necessidade de assegurar um cessar imediato da violência e de garantir a segurança da população e de todos os atores políticos, designadamente dos que foram candidatos nas eleições.
Montenegro renovou os apelos à máxima contenção por parte das autoridades moçambicanas e de todos os responsáveis políticos, de forma a contribuir para um clima de paz, de segurança e de diálogo inclusivo, que permita abordar as causas profundas das tensões políticas e sociais no país.
Com informações da Apanews, The Guardian e TVI Notícias
