Morreu nesta segunda-feira 29, em Brasília, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, aos 84 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1963, ingressou no Itamaraty nesse mesmo ano. É mestre em Economia pela Universidade de Boston (1969).
Ao longo de sua carreira, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães ocupou diferentes cargos públicos, deixando-os, muitas vezes, por defender, com independência, suas convicções. Em 1965, no governo Castelo Branco, quando era diretor da Assessoria de Cooperação Internacional da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), foi exonerado de suas funções por resistir à interferência da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Já no governo Figueiredo, deixou a vice-presidência da Embrafilme durante a crise gerada pelo filme Pra Frente, Brasil, uma crítica contundente à tortura de presos políticos no Brasil.
No governo Collor, por discordar da rápida abertura às importações, também preferiu se afastar, servindo cinco anos na França. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, criticou publicamente a entrada do Brasil na Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) Na entrevista que concedeu ao jornal Valor Econômico, em 2 de fevereiro de 2001, declarou que “a Alca e o Mercosul são incompatíveis, pois caso a Alca venha a existir ela absorverá o Mercosul”. Como punição por suas declarações, em abril do mesmo ano foi exonerado do cargo de diretor do Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty – que ocupava desde 1995.
Foi secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores de 9 de janeiro de 2003 até 20 de outubro de 2009, tendo sucedido Osmar Vladimir Chohfi. Foi então empossado como ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) Deixou o cargo em 31 de dezembro de 2010, no final do Governo Lula.
Leia o artigo de Samuel Pinheiro Guimarães no Monitor:
Bolsonaro: destruidor do futuro | Monitor Mercantil
Em 19 de janeiro de 2011, o embaixador foi designado alto-representante geral do Mercosul para um mandato de três anos, tendo como funções a articulação política, formulação de propostas e representação das posições comuns do bloco. Na função, Samuel Pinheiro coordenava a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto da Cidadania do Mercosul, aprovado em Foz do Iguaçu em 16 de dezembro de 2010. Renunciou ao cargo, contudo, em 28 de junho de 2012. Segundo ele, a decisão ocorreu por falta de apoio político dos quatro Estados membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) para a implementação de projetos.
Foi professor da Universidade de Brasília (UnB), entre 1977 e 1979. Foi também Coordenador da Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor do Curso de Mestrado em Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foi coordenador do curso de Pós-Graduação em Comércio Exterior e Câmbio da FGV. Entre 2015 e 2016 foi professor visitante do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (INEST-UFF). Nos últimos anos, foi professor do Instituto Rio Branco (IRBr/MRE), onde lecionou a disciplina Política internacional e política externa brasileira.
Admitido em 1992 à Ordem do Mérito Militar pelo presidente Fernando Collor no grau de Comendador especial, Guimarães Neto foi promovido em 2006 ao grau de Grande-Oficial pelo vice-presidente José Alencar.
Em nota oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “ao longo da vida defendeu o desenvolvimento, a democracia e as causas populares, resistindo a diversas tentativas de interferência externa no nosso país e atuando para uma política externa ativa e altiva, na promoção dos interesses e da soberania brasileira. Foi autor de artigos e livros, como ‘Quinhentos Anos de Periferia’ e ‘Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes’, em que registrou e compartilhou suas reflexões sobre geopolítica e o lugar do Brasil nas relações internacionais. Tive o prazer e a honra de conviver e trabalhar com Samuel nos meus dois primeiros mandatos como presidente da República e depois como ex-presidente. Nesse momento de despedida, meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos, alunos e colegas de Samuel Pinheiro Guimarães.”
Atualizada às 15h53 para publicação da nota da Presidência da República
Atualizada às 18h47 para correção da informação que ainda lecionava no IRBr
Com informações da Carta Capital e da Wikipedia
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