Morre o ex-senador Roberto Saturnino Braga

Ex-prefeito foi o primeiro eleito de forma direta, em 1985, após a redemocratização do país

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Roberto Saturnino Braga no plenário do Senado
Roberto Saturnino Braga (foto de Jefferson Rudy, Agência Senado)

Morreu nesta quinta-feira, aos 93 anos, o ex-senador Roberto Saturnino Braga, do Rio de Janeiro. Ele estava hospitalizado desde o mês passado e foi transferido na quarta-feira (2) para o centro de tratamento intensivo (CTI) do Hospital Pró-Cardíaco, na Zona Sul da capital fluminense, com um quadro de pneumonia. Segundo a família, ele estava em cuidados paliativos.

Saturnino, que também foi deputado federal entre 1963 e 1968, foi o parlamentar mais vezes eleito para o Senado pelo Estado do Rio de Janeiro, com três mandatos. Sua primeira eleição se deu em 1974, quando ele assumiu às pressas a candidatura do MDB após afastamento do candidato original – o deputado Affonso Celso – por um problema de saúde.

Saturnino conquistou uma vitória inesperada pela ditadura militar sobre o então presidente do Senado, Paulo Torres (Arena), que ficou sem mandato. Ele passou a integrar uma bancada oposicionista renovada, atuante, que levou a uma mudança de rumos do regime.

A incorporação do PP ao PMDB (trazendo de volta o grupo de Chagas Freitas ao partido), obrigou Saturnino Braga a romper com o antigo partido, filiando-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola. Reeleito senador em 1982, Saturnino foi o primeiro líder da bancada do PDT no Senado (1982-1985), mas logo deixaria a Casa ao vencer a eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro em 1985. Foi a primeira disputa eleitoral na capital fluminense após a ditadura. Saturnino conquistou mais do que o dobro de votos do segundo colocado, o deputado federal Rubem Medina, numa eleição que teve 20 candidatos, todos com tempo de propaganda no rádio e na TV.

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Mas sua gestão à frente da prefeitura foi marcada por greves e rupturas. Em 1988, no último ano de seu mandato, com a prefeitura endividada, foi surpreendido por decisão do Banco Central – que proibiu novos empréstimos – e foi obrigado a declarar a falência do município. Hostilizado pelo vice-prefeito, Jó Rezende, Saturnino Braga rompeu com Brizola e saiu do PDT, filiando-se mais tarde ao PSB. O anúncio da falência abalou a candidatura do PSB a sucessão de Saturnino, que planejava lançar Jó, que acabou por renunciar à candidatura.

Após o mandato como prefeito, Saturnino voltou a tentar uma cadeira no Senado em 1994, mas não foi eleito. O anúncio da falência do município abalou fortemente a imagem pública de Saturnino Braga, que ficou em quinto lugar, com 774 mil votos. Tornou-se vereador no Rio de Janeiro em 1996 e voltou ao Senado em 1998, em expressiva vitória, derrotando o economista e ex-senador pelo Mato Grosso Roberto Campos (1917-2001). Durante o terceiro mandato, foi líder do PSB (2000) e presidente da Comissão de Relações Exteriores (2005-2007). Não tentou a reeleição e retirou-se da vida pública.

No início de 2006, já no PT, foi impedido de disputar a reeleição, pois o partido optou por apoiar Jandira Feghali, do PCdoB. Recusou a proposta de se candidatar à Câmara e, no fim de julho anunciou o fim da carreira política. Após quase duas décadas no PT, em 2019 Saturnino voltou a se filiar ao PSB.

Roberto Saturnino Braga nasceu em 13 de setembro de 1931 no Rio de Janeiro. A cidade, na época, era o Distrito Federal e não integrava o Estado do Rio de Janeiro. Formou-se em engenharia pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) e trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual BNDES, onde se especializou em engenharia econômica. Antes do Senado, foi duas vezes deputado federal (uma como titular e uma como suplente). Também estudou na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), onde foi aluno de Celso Furtado, e no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb).

Com informações da Agência Senado e de O Globo

Matéria atualizada às 18h51 para incluir informações do Senado

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