A nossa expectativa para o IPCA-15 de outubro, que será divulgado amanhã, é de 0,46%, com variação em 12 meses de 4,38%.
A prévia da inflação de outubro deve acelerar significativamente em relação à de setembro, puxada principalmente pelo item energia elétrica, devido à mudança de bandeira vermelha 1 para 2, alimentação no domicílio (destaque para a carne bovina 3.8%) e o grupo de despesas pessoais, pela devolução do desconto do item cinema, teatro e concertos.
No final de setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a troca da bandeira tarifária vermelha 1 para 2, aumentando a tarifa para os consumidores. Dessa forma, a variação do item energia elétrica deve apresentar um salto bem significativo do IPCA-15 de setembro para o de outubro (0,84% para 5,15%). Do lado da alimentação, o foco permanece na contínua alta da arroba do boi, que ultrapassou os R$ 300 no mês atual, após ter encerrado setembro abaixo de R$ 280. O grupo de alimentação no domicílio deve acelerar de -0,01% para 0,68%, enquanto o de carnes sairá de 1,76% para 3,66%, após ter subido 2,97% no IPCA de setembro. No mês passado, também tivemos a “Semana do Cinema”, que contribuiu para a desaceleração do grupo de despesas pessoais na prévia anterior. Neste sentido, na leitura de amanhã, devemos ver uma reaceleração do grupo despesas pessoais (de -0,04% para 0,45%).
Do lado baixista, o item passagem aérea deve apresentar deflação na leitura de amanhã (-3%), após acelerar na prévia do mês anterior. O grupo de transportes também deve contribuir negativamente para a leitura, com destaque para o item ônibus urbano (0% para -2,7%), em razão da tarifa zero em transporte público no dia da eleição municipal. Ainda neste grupo de transportes, queremos ressaltar que, devido a uma inconsistência da nossa coleta proprietária de gasolina, a nossa projeção para o item difere do que indica a coleta e estamos trabalhando para normalizá-la.
Na parte qualitativa, o núcleo de serviços subjacentes deve apresentar uma aceleração relevante em relação ao número fechado de setembro (0,02% para 0,42%), com destaque para cinema (-8,75% para 4,35%). Esse núcleo vinha desacelerando nas últimas duas divulgações, porém enxergamos uma reaceleração até o final do ano. Outro grupo importante, o de serviços intensivos em trabalho, deve acelerar mais levemente, puxado por serviços de beleza (cabeleireiro e barbeiro, manicure e sobrancelha). Para 2024, projetamos que esses grupos encerrem em 5,30% e 5,20%, respectivamente.
Por fim, a nossa projeção para o IPCA de 2024 se encontra em 4,75% (revisão altista por conta de alimentos – carne bovina), enquanto para 2025 está em 4,26%.
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Andréa Angelo
Estrategista de inflação da Warren Investimentos