Muito circo e pouco pão

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Reportagem destacada pelo Portal Viu revela que a Cepal considera em seus estudos que a recessão pode sufocar países ao sul do Equador. No Brasil, o próprio presidente do Banco Central, a autoridade realmente mais importante no país, revela um quadro (terrível e até certo ponto realista), onde a estimativa do PIB para a nossa economia é de queda de 5,5%. Está claro, portanto, que teremos muitas falências e muito mais desemprego, ao longo de 2020.

Com a parada da economia todos ficam, momentaneamente, mais pobres. A convergência da luta no interior do fundo público, aquele financiado com nossos caríssimos impostos, revela como os ricos operam com eficiência os gerentes da máquina do Estado (principalmente em âmbito federal), pois a cada R$ 10 liberados pelo governo, nada mais nada menos que 75% vão para o andar de cima e apenas 25% para a base da pirâmide social.

 

Crise mostrou que governo tinha dinheiro, sim,

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escondido em cofres secretos em Brasília

 

A epidemia nos ensina que a chave para resolver problemas são os nossos comportamentos. Mas isso vale não apenas nas emergências. Estamos fazendo um grande esforço de coordenação como cidadãos. Se, terminada a crise, substituirmos o mantra “vamos ficar em casa” pelo “vamos tornar os nossos estilos de vida mais sustentáveis” e “vamos escolher com a carteira” para as empresas líderes na criação de valor econômico de maneira social e ambientalmente sustentável, o mundo muda. Se as escolhas macroeconômicas dependem dos governos, todo o resto depende de nós.

A Covid-19 é uma pandemia que teve sua origem na classe média globalizada (que viaja ao exterior, por exemplo). Entretanto, são várias as dimensões que tornam as populações de baixa renda as mais expostas à contaminação pelo novo coronavírus, tais como o uso de transporte público (sempre lotado e desconfortável), o número maior de moradores por domicílio (déficit habitacional concentrado nas famílias mais pobres), o acesso precário a saneamento básico e a baixa escolaridade.

Nesse contexto, medidas complementares nas várias esferas de governo (federal/estadual/municipal) devem destinar-se a proteger as famílias mais pobres, seja por meio de políticas de preservação da renda que permitam o isolamento social, seja pela ampliação do número de leitos disponíveis no SUS.

Ranulfo Vidigal

Economista.

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