Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem revelou que mais de 2,5 milhões de mulheres não trabalharam para cuidar de parentes ou das tarefas domésticas.
Em agosto deste ano, 10,3 milhões de mulheres estavam ocupando a posição de donas dos seus próprios negócios, a maioria advinda das classes C, D e E, segundo mostrou pesquisa feita pelo Sebrae, com base nos dados do IBGE.
“Porém, um dado que não é mensurado nas pesquisas é o quanto a economia do cuidado por impactar e, até barrar, o sonho de empreender. A mulher cuida da casa, dos filhos, dos pais idosos e, ao mesmo tempo, cuida da empresa. Esse é um entre tantos desafios que as mulheres assumem na liderança de uma empresa”, diz Tatyane Luncah, CEO e fundadora da Escola Brasileira de Empreendedorismo (EBEM)
Na América Latina, a dupla jornada é sentida e comprovada no número de horas que as mulheres empreendedoras dedicam aos afazeres do lar, sendo três vezes mais em comparação aos homens. No Brasil, por exemplo, na soma de horas com atividades remuneradas e não remuneradas, as mulheres trabalham cerca de 53,3 horas por semana, enquanto os homens trabalham aproximadamente 49,7 horas semanais, de acordo com o Boletim de Mercado: Empreendedorismo Feminino, lançado pelo Sebrae em março deste ano.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, a mulher, além de tocar a gestão da empresa, cuida da organização da casa, dos filhos, do parceiro, dos pais doentes e idosos para, depois, cuidar dela e do negócio. Em 2022, mulheres dedicaram 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas.
“Além do preconceito de gênero, o racismo é outra barreira que mulheres negras vivenciam ao abrir um negócio. Se muitas vezes não é possível exemplificar em palavras, recorremos aos números do Sebrae: a renda média das empreendedoras negras no Brasil é de R$ 1.539 e das empreendedoras brancas é de R$ 2.305. A renda média mensal de empreendedoras negras é 34% inferior ao rendimento médio mensal das empreendedoras brancas, e 44% inferior à renda dos homens brancos”, avalia Tatyane.
Ao todo, entre quase 10 milhões de empreendedoras no país, 4,7% são negras. Essa disparidade de gênero e raça é evidente também nas oportunidades de obtenção de crédito, pois as mulheres negras têm mais dificuldade de conseguir investimento.
Ainda segundo o IBGE, em 2022, o rendimento-hora da população ocupada branca (R$ 20,0) era 61,4% maior que o da população preta ou parda (R$ 12,4). Por nível de instrução, a maior diferença (37,6%) estava no nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos. No ano passado, 40,9% dos trabalhadores do país estavam em ocupações informais. A proporção de informais entre mulheres pretas ou pardas (46,8%) e homens pretos ou pardos (46,6%) superava a média, enquanto mulheres brancas (34,5%) e homens brancos (33,3%) tinham taxas abaixo da média.
Na população ocupada do país, os brancos eram 44,7%, e os pretos ou pardos, 54,2%. As atividades com menor rendimento médio tinham maior proporção de trabalhadores pretos ou pardos, como a agropecuária (62,0%), a construção (65,1%) e os serviços domésticos (66,4%).
Em 2022, o nível de ocupação dos homens alcançou 63,3% e o das mulheres, 46,3%. Essa desigualdade persistia, mesmo entre os trabalhadores com ensino superior completo: 84,2% para os homens e 73,7% para as mulheres.
Em 2022, cerca de 6,1 milhões de trabalhadores do país estavam subocupados por insuficiência de horas, o equivalente a 6,3% da população ocupada. Entre os trabalhadores homens brancos, 3,8% (ou 912 mil) estavam subocupados. Já entre as trabalhadoras pretas ou pardas, 9,4% (ou 2,0 milhões) estavam subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas.
Em 2021, a participação dos rendimentos dos trabalhadores no PIB do país chegou a 39,2%. Essa foi a taxa mais baixa desde 2010 (41,6%).
Em 2022, a população ocupada de cor ou raça branca recebia rendimento-hora de R$ 20,0, que era 61,4% maior que o da população de cor ou raça preta ou parda (R$ 12,4). Essa desigualdade ocorria em qualquer nível de instrução. A maior diferença (37,6%) ocorreu entre quem tinha nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos.
O mesmo indicador segundo sexo, mostra que o rendimento dos homens (R$ 16,70) foi superior em 12,8% ao das mulheres (R$ 14,80), sendo que da mesma forma que na comparação por cor ou raça, a maior diferenciação ocorreu entre pessoas com nível superior completo, pois o rendimento médio dos homens (R$ 38,10) superou o das mulheres (R$ 26,70) em 43,2%. “Esses resultados indicam a existência de desigualdade estrutural, dado que esses diferenciais, salvo pequenas oscilações, foram encontrados em todos os anos de 2012 a 2022”, explica o gerente da SIS.
Com informações da Agência IBGE de Notícias
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