O número de mulheres em cargos de liderança caiu em 2023, mostra estudo global divulgado recentemente pelo Institute for Business Value, da IBM. A pesquisa entrevistou 2.500 profissionais de organizações em 12 países, incluindo o Brasil. O relatório ressalta a queda significativa na representatividade dos cargos durante a pandemia, e o fato de ela ainda não ter se recuperado.
Atualmente, 14% ocupam cargos de vice-presidente sênior. Em 2019, ou seja, período pré-pandêmico, esta porcentagem era de 18%. Diversidade, equidade e inclusão são os temas mais recorrentes envolvendo mulheres.
Apontar dilemas e avanços contemporâneos para garantir a participação plena e efetiva das mulheres, em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública é o objetivo principal das autoras Maria José Tonelli (professora da FGV Eaesp) e Adriana Carvalho (CEO da Generation Brasil). Segundo elas, os estudos de gênero vêm ganhando força no cenário contemporâneo a partir do pertencimento social do tema e de discussões que tangem a diversidade, equidade e inclusão.
Publicado na revista GV-Executivo, o artigo se debruça sobre as iniciativas empresariais voltadas para as mulheres em um imaginário ainda tão masculino. As autoras trazem um exemplo do movimento feminista como força simbólica da importância da diversidade não somente no universo corporativo, mas em outras esferas da sociedade.
“Os movimentos feministas atuais, reforçados pelo #metoo, trazem uma diversidade de perspectivas para a questão de gênero. O acesso das mulheres no espaço organizacional provoca novas identidades e concepções de feminilidades e questiona modelos dominantes de conduta, mas cabe chamar a atenção para a superficialidade que por vezes cerca esses movimentos, com frases feitas, clichês e modismos que permeiam o mundo corporativo”, ressaltaram.
Segundo as autoras, percebe-se um avanço em questões organizacionais, porém ainda persistem temas como: diferenças salariais; dupla jornada de trabalho e os conflitos familiares x profissionais; violência doméstica; envelhecimento das mulheres executivas; posição de liderança para mulheres negras; e Burnout, principalmente após a pandemia.
As autoras afirmam que não se trata de antagonismo entre homens e mulheres, mas sim de colaboração visando sociedades inclusivas e equitativas. A crise pandêmica ocorrida em 2020 marcou o fim de um extenso século XX, e agora nos perguntamos como iremos moldar o século XXI.
“O desafio é buscar caminhos éticos para o desenvolvimento das empresas e soluções para os problemas apontados pelos ODS da ONU”, salientaram Maria José e Adriana. Eis algumas ações que estão sendo feitas sobre políticas e práticas nas organizações no Brasil: Programa Pro-equidade de Gênero e Raça – Lançado pelo governo federal para impulsionar a evolução dos temas de gênero e raça nas empresas, teve inicialmente impacto nas estatais e depois ganhou adesão de empresas privadas; Rede Mulher Empreendedora – A organização fomenta o empreendedorismo feminino via eventos, programas de aceleração, cursos, marketplace, entre outras ações; Fórum Mulheres em Destaque – Organizado pela CKZ Diversidade, é um encontro de líderes pela causa da equidade de gênero e conta com a cooperação da ONU Mulheres e do ElesPorElas; Movimento Mulher 360 – A plataforma de atuação é estruturada em três dimensões, fomento, sistematização e disseminação de conhecimentos e práticas, com o objetivo de acelerar o avanço da equidade de gênero nas empresas e nas suas cadeias de valor; e Grupo Mulheres do Brasil – Tem projetos para fomentar a adoção de políticas afirmativas e eliminar as desigualdades de gênero, raça e condição social.