Multipolaridade

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Apesar de admitir que é uma opinião arriscada, o jornalista César Benjamin acha que “a revelação dos artifícios contábeis que mantiveram sobrevalorizada a Bolsa de Nova York nos últimos anos coloca em risco toda a engrenagem que produzia o adiamento da crise sistêmica” do neoliberalismo. “A capacidade de endividamento da sociedade norte-americana e a posição especial do dólar estavam lastreadas principalmente nesses ativos que estão desaparecendo. Ainda não podemos dizer se será uma crise fulminante ou prolongada, com muitas idas e vindas, mas podemos dizer que ela é profunda e cheia de conseqüências”, diz, em artigo, o autor de A Opção Brasileira. A crise poderá dar início “a um re-arranjo de longo fôlego, que ao fim e ao cabo conduzirá a uma nova multipolaridade, com a Europa e a China como centros emergentes”, conclui.

Quieto
A entrevista do ministro da Fazenda, Pedro Malan, na sexta-feira, foi um desastre, avaliou em poucas palavras o diretor da corretora Planner, Luiz Antonio das Neves. Ele disse que o ministro só riu durante a entrevista e não anunciou nada de relevante para o mercado financeiro. “É brincadeira. Se não tem nada para falar, deveria ficar quietinho”, cutucou Neves.

Fim da pirotecnia
No último dia 21 de junho, diante da impotência do Banco Central em deter a escalada do dólar, o presidente do BC, Armínio Fraga, capitulou: “Não vamos tirar coelhos da cartola”. Naquele dia, o dólar comercial fechara a 2,835 (compra) e R$ 2,840 (venda), na maior cotação da moeda norte-americana desde 21 de setembro de 2001.
Nesta sexta-feira, foi a vez de o ministro da Fazenda, Pedro Malan, anunciar que também “não tenho nenhum coelho na cartola”. No fim do dia, o dólar fechou a R$ 3,010 (compra) e R$ 3,015 (venda), cotação recorde no Plano Real. Pelo visto o arsenal de prestidigitação do tucanato chegou ao fim.

Origem
Especialistas da área de petróleo começam a desfiar o emaranhado em que se transformou encomenda da construção de uma plataforma de produção para a Bacia de Campos. A questão já não estaria sendo técnica e nem mesmo relacionada a custos. As pistas indicam que construir lá fora facilita a obtenção de crédito externo. O objetivo é ajudar a fechar as contas de entrada e saída de moeda forte.

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Senhores das trevas
Não satisfeitos em quebrar a Argentina, os defensores das políticas de ajustes fiscais eternos para garantir o pagamento de juros gordos à banca estão empenhados em levar o país a nova hiperinflação. Os ideólogos dessa proposta acreditam que essa seria a única possibilidade de convencer a sociedade argentina a aceitar qualquer remédio para combater a disparada dos preços. Pode ter o efeito de brincar de acender fogo perto do barril de pólvora.

Controle
O economista Reinaldo Gonçalves não considera despropositada a comparação entre Brasil e Argentina. Para Reinaldo, o Brasil está seguindo os mesmos passos que o vizinho deu há um ano, quando fez tudo que o FMI mandou – e deu no que deu. Para o economista da UFRJ, precisamos tomar um caminho diferente, como os países do Sudeste asiático fizeram na crise de 97. Reinaldo, que classifica a situação de muito grave, acredita que o país não poderá fugir de alguma espécie de controle da saída de divisas.
Quando perguntado, em entrevista a uma rádio, se acredita que o cenário político é um dos vetores da atual crise, o economista praticamente descartou a tese. Ele lembrou que o Brasil viveu crises cambiais em 95, 99 e 2000, o que mostra que o principal componente é a fragilidade das contas externas. Para Reinaldo Gonçalves, o problema político poderá ocorrer no próximo ano, caso o presidente eleito tenha dificuldades para governar e aprovar projetos no Congresso. Como, aliás, aconteceu na Argentina, quando a crise arrebentou quase um ano depois de eleito De La Rúa.

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