Sejamos sinceros: crescer é o objetivo de toda empresa. Expandir, inovar, alcançar novos mercados, aumentar os lucros e ganhar visibilidade são metas que estão presentes em grande parte dos planos estratégicos — se não em todos. Porém, para colocar a teoria em prática, precisamos ter certeza de que possuímos as ferramentas necessárias para isso, pois nada pior do que crescer sem estar minimamente preparado.
Dar um passo maior que a perna pode custar caro — e não estou falando apenas de dinheiro, mas também de reputação e até mesmo da saúde da organização, que pode acabar se prejudicando diante de alguma ação precipitada, mesmo que seja bem-intencionada. O fato é que as empresas que buscam um crescimento acelerado sem ter uma base sólida podem acabar se tornando reféns do próprio sucesso.
Isso acontece principalmente por falta de planejamento e de compreensão do cenário atual da empresa, o que faz com que o time não esteja alinhado e os processos sejam imaturos. Além disso, a falta de clareza da liderança diante das prioridades é algo extremamente prejudicial como um todo. Porém, nem sempre é fácil reconhecer esses pontos de alerta, o que faz com que a gestão queira avançar sem ter o que é necessário para tal.
E como podemos tentar evitar que esse tipo de situação aconteça? Uma gestão por OKRs — Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados-Chave) — pode ser a solução, visto que trabalha com ciclos mais curtos, geralmente de três meses, o que permite o alinhamento constante e a obtenção de uma visão melhor da empresa, sendo possível avaliar se está ou não pronta para avançar e também corrigir erros que podem surgir no meio do caminho.
Além disso, OKRs bem definidos fornecem mais foco e clareza, o que possibilita que todo o time comece a pensar de maneira conjunta em como promover um crescimento em um passo que dê para sustentar. Ou seja, olhando primeiro para dentro — com o objetivo de ter uma base mínima para expansão — para depois começar a olhar para fora, pensando em maneiras de expandir e em que mercados é viável estar presente.
A verdade é que, mais importante do que crescer, é conseguir sustentar esse crescimento. Não adianta querer abraçar o mundo se você não tem recursos suficientes. Por isso, para conseguir manter um eventual crescimento, a empresa precisa ter condições de continuar garantindo a qualidade dos serviços e produtos, assim como seguir valorizando as pessoas que fazem parte do processo — sob pena de ter “quebra de estoque”, como se diz no varejo.
Nesse sentido, antes de avançar e acabar dando um passo maior que a perna, é necessário se perguntar: temos estrutura para escalar? Nosso time está preparado e engajado? Os processos suportam esse novo momento? Sabemos onde queremos chegar e por quê? As respostas para esses questionamentos irão ajudá-lo a evitar decisões precipitadas que, em vez de fortalecer, enfraquecem a empresa.
O crescimento exige coragem e maturidade. Temos que ter discernimento sobre quando a empresa pode avançar mais uma casa no tabuleiro ou se deve permanecer parada no mesmo lugar. E estar parado não significa que você está estagnado — apenas esperando o momento certo para ir em frente, o que é muito melhor do que ir para trás. Lembre-se: o melhor crescimento é o que traz resultados positivos e evolução, não problemas e riscos desnecessários.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou, com seus projetos, mais de R$ 2 bilhões e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel — a maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.