A saída da Ford do Brasil trouxe de volta alguns lugares-comuns sobre tecnologias disruptivas que enterram empresas engessadas. Os exemplos são maios ou menos os mesmos: a Blockbuster foi para o vinagre com a chegada da Netflix, Kodak faliu a partir do advento da fotografia digital… (a IBM vai bem, obrigado, e fica, convenientemente, de fora da relação).
O problema de análises tão ligeiras quanto rasas é não aprender com o passado e ver no presente um futuro imutável. Há não muitos anos, o MySpace foi visto como um aplicativo disruptivo, e hoje mal se sustenta num nicho; na outra ponta, até coisa de 1 ano a Tesla era vista como uma fonte de prejuízos que não conseguia entregar o que prometia, e hoje Elon Musk acelerou para o posto de mais rico do mundo.
No caso da Ford, são anos de políticas equivocadas que se acumulam. No Brasil em especial, desde a fracassada parceria na Autolatina, ainda no final da década de 1980. A estagnação da nossa economia após a recessão de 2015 colocou a montadora no cadafalso, e a pandemia e a desvalorização do real ano passado deram o empurrão final.
Não se quer aqui ignorar a mudança que se vê no horizonte na relação entre cliente e automóvel. O efeito poderá ser similar ao do celular nas linhas fixas – no início dos anos 2000, já era um bem em extinção na Finlândia, terra da Nokia (e isso não impediu que esta empresa perdesse o bonde nos smartphones, mas isso é outra história).
Não se pode querer analisar um mercado por um ano atípico, em que o distanciamento e a recessão derrubaram as vendas da indústria automobilística mundial. A estimativa é que as vendas globais de carros tenham caído para 61,9 milhões em 2020, após alcançarem 74,9 milhões em 2019 – pequena queda em relação aos 78,9 milhões vendidos em 2018, mas ainda assim bem acima da média 2010-18, que ficou em 69,7 milhões.
Mesmo com a queda também no Brasil, a Fiat cresceu. E mesmo com as decisões da Ford, a montadora norte-americana anunciou investimentos na Argentina. Em resumo, a razão da saída vem da própria Ford. Mas a estagnação que já dura 6 anos, sem dúvida, ajudou.
Paixão pelo Rio
Quem quiser mergulhar no Estado do Rio de Janeiro terá essa oportunidade a partir de maio, com o livro Paixão por fotografar o Rio, de Bayard Do Coutto Boiteux, que conta uma série de histórias através do olhar fotográfico de Thiago Oliveira.
Entre os locais abordados estarão a capital, o Vale do Café, Petrópolis e Paraty. Segundo o autor, pela primeira vez em sua carreira literária, um exemplar é elaborado pelo sistema de crowdfunding, que consiste em colaborações financeiras para a produção.
Para participar, basta acessar Livro Paixão por fotografar o Rio na Kickante.
Rápidas
O laboratório para detecção de Covid-19 instalado pelo CR Diagnósticos no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, entrou em funcionamento nesta terça-feira (12), com capacidade de realização de 150 mil testes mensais e entrega de resultados em, no máximo, 4 horas, em português e inglês.