Fundador do site Wikileaks, o físico e matemático Julian Assange poderia ser condenado a até 175 anos de prisão (ou coisa pior…) se caísse nas mãos da justiça norte-americana, caso fosse deportado pela Inglaterra.
Desde 2012, ele se refugiou na embaixada do Equador na Inglaterra, após ter divulgado no Wikileak, em 2010, documentos classificados como secretos pelos EUA. Os documentos secretos incluem cenas de tortura contra árabes na prisão norte-americana de Guantanamo e de voos de helicópteros militares atirando contra civis iraquianos, entre outras.
Vamos imaginar que Carl Berstein e Bob Woodward fossem tratados como Assange é agora tratado por suas investigações jornalísticas no esclarecimento e divulgação do escândalo de Watergate, em que agentes a serviço do então presidente dos EUA, Richard Nixon, e de seu partido (Republicano), invadiram a sede do comitê de campanha do partido oponente (Democratas), na noite de 17 de junho de 1972, em busca de informações que pudessem ser utilizadas contra este. Em consequência, o presidente Nixon veio a renunciar ao seu mandato em 9 de agosto de 1975.
Altos cargos de dentro do gabinete do presidente Nixon, como a lendária personagem Deep Throat, um certeiro informante anônimo (mais tarde revelou-se ser Mark Felt) avisaram aos jornalistas Carl Berstein e Bob Woodward (ambos do jornal The Washington Post) de que a vida de cada um deles corria perigo, caso insistissem nas investigações e notícias, contra Nixon. Quantos anos de liberdade e democracia os EUA e o mundo teriam retrocedido?
De propósito
Não é sem motivo que o prêmio Nobel da Paz de 2021 foi atribuído a jornalistas. No caso, Maria Ressa (2 de outubro de 1963; 58 anos, Manila; Filipinas) e Dmitry Muratov (29 de outubro de 1961; 60 anos; Samara; Rússia), por lutarem pela liberdade de expressão em seus países, assumindo todos os riscos inerentes à peleja. Como afirmou a presidente do Comitê Nobel Bent Reiss-Andersen “a liberdade de expressão é condição para a democracia e para a paz duradoura”.
‘Um tempo para não esquecer’
Margareth Dalcolmo, pneumologista, com doutorado em medicina pela USP, pesquisadora da FioCruz e colaboradora do jornal O Globo (seção “A hora da ciência”) reuniu 81 dos mais expressivos textos de sua autoria, publicados nesta seção em livro: Um tempo para não esquecer. A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde. O Bazar do tempo, Produções e Empreendimentos Culturais Ltda. editou (2021).
Indispensável leitura para quem se interessa pelo fenômeno que marcará profundamente toda a geração de sobreviventes. Leitura que vai da descrição dos primeiros instantes de tomada de consciência de que viveríamos, desde um desafio vital, até o “Repensar o humano”, com rigor científico, delicadeza, empatia e alteridade. Uma verdadeira homenagem aos tantos que pagaram com a vida ou com a saudade pela imprevidência.
Grátis
Escala e produtividade poderão nos levar ao mundo até aqui impensável em que os bens produzidos e os serviços prestados não tenham preço de venda? Para alguns, como o físico Chris Anderson, a resposta é sim.
Para ele, autor do livro Free – the future of a radical price (editora Campus-Elsevier). já vivemos uma realidade quase assim. Anderson interpreta a grande quantidade de serviços digitais gratuitos, a exemplo de oferecidos pelo Google (vídeos do YouTube; buscas ao e-mail; processadores de texto online, etc., etc., etc.). Apesar de não ser exatamente uma concepção nova, Anderson entende que a publicidade é quem remunera os custos destes serviços e não o consumidor, no sentido usual do conceito.
Outra fonte de financiamento dos serviços digitais é a pirataria. Sim, você leu corretamente. Um dos exemplos citados no livro por Anderson é o dos músicos brasileiros da banda Calypso. A principal fonte da receita da banda é a de shows ao vivo, que a pirataria ajuda a divulgar.
O modo Google será difundido até o limite ou prevalecerá o modelo Grátis de Anderson como hoje de fato acontece, uma das estrelas mais bem pagas na constelação dos palestrantes de inovação na gestão?