É ótimo que cada vez mais empresas estejam preocupadas em estabelecer boas práticas ESG (Meio Ambiente, Social e Governança). Essa é uma demanda do mercado, do público e do mundo, e quanto mais corporações se empenharem, melhor para o nosso futuro. Dito isso, é preciso dar atenção especial à última letra da sigla, pois a governança possivelmente é a parte mais importante de toda a estratégia. Segundo um relatório do ano passado da PwC, ela está no top 5 das prioridades para negócios, segundo investidores, e é a primeira a aparecer dentre os princípios ESG.
Não que as ações focadas em sustentabilidade ou em aspectos sociais sejam menos relevantes, mas a verdade é que elas só conseguem ser bem aplicadas quando há uma organização firme por trás. E é aí que entra o G da questão.
A governança diz respeito a todos os processos, políticas, controles e procedimentos internos. Ou seja, não só é aqui que entra a definição de valores e metas da empresa, como também são decididas as formas com as quais tudo acontece. Estabelece-se o objetivo e os passos para chegar até ele.
É claro que, dentro das práticas de meio ambiente e social, também há um plano de ação, atividades e iniciativas complexas. Só que isso tudo precisa vir sob um guarda-chuva que abrange todo o negócio. Não adianta, por exemplo, se esforçar em um projeto de reciclagem com os clientes se os funcionários não estão separando o lixo no escritório. Ou promover campanhas de conscientização sobre temas relevantes e não ter o mesmo tipo de discussão internamente.
A governança permite que você defina os compromissos e estabeleça processos que condizem com eles. E como isso pode ser estabelecido? Vamos a alguns exemplos do que ocorre aqui na Wash Me.
Nossa estrutura é baseada em uma gestão participativa que envolve todos os co-fundadores e líderes de áreas estratégicas, além de um conselho administrativo que supervisiona as principais decisões e garante a transparência e a responsabilidade em todas as ações da empresa. Ou seja, é preciso ter as pessoas certas e bem posicionadas para fazer tudo acontecer.
Para garantir que nossos princípios sejam atendidos em todos os processos internos, estamos em conformidade com todas as normas ambientais e de segurança do trabalho aplicáveis ao nosso setor, realizamos programas de integração, workshops, treinamentos contínuos, auditorias internas e externas, compliance com regulamentações locais e internacionais e temos um código de conduta empresarial que todos os colaboradores devem seguir. Também acompanhamos a aderência da equipe com KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho), incluindo pesquisas de clima organizacional e feedbacks diretos, sempre deixando claro que nossa cultura é de abertura e que todos podem apresentar suas dúvidas e preocupações sem receio.
Na prática, tudo isso impacta no dia a dia da empresa. Por exemplo, quando se trata de sustentabilidade, nossos princípios e modo de agir influenciam a escolha de fornecedores, a adoção de novas tecnologias, o uso de equipamentos e materiais, entre diversas outras atividades que têm a ver com nosso impacto ambiental.
Quanto ao compliance trabalhista, ações adequadas garantem melhorias nas regras e procedimentos éticos e legais, assim como o compliance em Segurança e Saúde do Trabalho, que promove a mitigação de riscos em várias esferas, tanto para a empresa quanto para a equipe. Tudo isso é governança, mas reflete diretamente no Social do ESG, pois trata dos colaboradores e de seu bem-estar.
Estabelecer bons padrões de governança coloca a sua empresa em destaque e torna a estratégia ESG realmente efetiva. Mais do que isso, também serve para inspirar e agitar o mercado, fazendo com que seu setor busque acompanhar essa mudança. Todo o ambiente de negócios, então, fica mais justo, responsável e positivo para o mundo.
João Salvatori é fundador e CEO da Wash Me.