Neo-socialismo

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O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Francisco Fausto, disse que Luiz Inácio Lula da Silva precisa, a partir de 1º de janeiro, acabar com a era neoliberal no Brasil e ingressar no neo-socialismo – com mais investimentos sociais, combate ao desemprego e privilégios ao trabalho ao invés do mercado. Para Francisco Fausto, o presidente eleito deverá adotar uma nova postura em relação à globalização: “Ela terá de ser contida por uma nova filosofia de governo, que privilegia o social sobre o econômico.” Quanto a mudanças na legislação trabalhista, o ministro concorda que há necessidade de alterações, mas que estas “não podem atingir os direitos fundamentais nem qualquer direito conquistado pelo trabalhador”.

Cavalo tucano
Mal se abriam as urnas anunciando a estrondosa derrota do governo FH e seu modelo econômico nas urnas e a mídia mobilizava analistas, com aspas e sem aspas, para proclamar a necessidade indispensável de o novo governo manter o mesmo modelo. Para não caracterizar a defesa aberta da fraude da vontade popular expressa nas urnas, tais analistas, com aspas e sem aspas, recorriam ao contorcionismo verbal como se fosse possível sustentar que a vitória da oposição não era a derrota da situação.
A vitória arrasadora de Lula foi a explicitação mais cristalina do caráter plebiscitário sobre o governo FH que marcou a eleição. E se não foi ainda mais profunda, isso deveu-se, não apenas ao fato de o PT optar por uma crítica menos contundente ao modelo, mas, também, ao fato de Serra tentar se descolar da desastrosa política econômica. Aliás nem Hércules seria capaz de dar conta de tal empreitada, o que explica a implosão, ainda no nascedouro, da candidatura de Pedro Malan.
Insistir em transformar o governo Lula numa continuidade da atual política econômica teria, para o PT, o mesmo efeito que teve para os troianos aceitar o cavalo com que lhe presentearam os gregos no último período micênico. A distância entre os dois fenômenos, longe de anular a comparação, a reatualiza sob o manto da história.

Assim vale
Se o presidente eleito encontrar dificuldades no pagamento da dívida, poderá “reescalonar o fluxo de pagamentos de suas obrigações de caráter financeiro”. Mecanismo normal de mercado, tanto que o trecho acima foi extraído da nota distribuída pela Globopar em que a holding do maior grupo de comunicação do país anuncia a renegociação com seus credores. E Lula ainda poderá acrescentar que “a deterioração do ambiente macroeconômico evidenciou a necessidade de reavaliar o cronograma de pagamento da dívida”. Melhor que isso, só se Mr. Da Silva chamar o Ciro Gomes para traduzir as frases para inglês.

Fluxo
A Globo fez plim-plim para os credores.

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“Little boy”
No pronunciamento feito ontem por Lula, Anthony Garotinho quase virou “Antônio”.

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Pouca gente entendeu a proliferação de anúncios institucionais de montadoras instaladas no Brasil (esta coluna viu o da Volks e o da GM) nos intervalos da cobertura das eleições feitas pelas diversas redes de TV, na noite de domingo. Em comum, além da oportunidade, um certo clima de “Real pra frente”. A redução da alíquota do IPI, determinada ontem pelo governo que se acaba, foi mera coincidência.

No ar
No Distrito Federal, no Pará, no Ceará, na Paraíba e em Santa Catarina a decisão do segundo turno se deu por dois pontos percentuais ou menos. Se houver dúvidas sobre a apuração, como poderiam ser recontados os votos eletrônicos? Tirando Brasília, onde foi testado o voto impresso simultâneo à urna eletrônica, nos demais fica-se apenas com dados virtuais. Os números movimentaram os técnicos que defendem mudanças na urna eletrônica e questionam a validade do processo.

Jogo
Os marqueteiros parecem adotar o lema dos técnicos de antanho: “Eu ganhei, nós empatamos, vocês perderam”.

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