‘Meu cartão de crédito é uma navalha’

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Cartões de crédito (Foto: Marcelo Casal Jr./ABr)
Cartões de crédito (Foto: Marcelo Casal Jr./ABr)

Como diz Cazuza na música “Brasil” (Cazuza, George Israel e Nilo Romero): “O meu cartão de crédito é uma navalha.” É isso que está acontecendo no e-commerce. Os preços, juros e taxa de desemprego nas alturas e poder aquisitivo cada vez diminuindo mais coloca o uso do cartão de crédito na liderança do ranking de meios de pagamento no e-commerce no Brasil. Segue absoluto, com 98,3% de aceitação. Os dados são da edição de julho do Estudo de Pagamentos Gmattos. A consultoria também mostra que a dinâmica dessa oferta tem sofrido grandes transformações no que se refere ao parcelamento sem juros.

Em julho/22, 15,3% das lojas ofereciam o parcelamento em 12 vezes sem juros, enquanto a oferta exclusiva de cartões em uma parcela foi observada também em 15,3% das lojas. Esses perfis não sofreram alteração em relação à medição de maio/22. Nos planos intermediários (entre dois e 11 vezes), contudo, as mudanças foram sensíveis. Em maio/22, a maior frequência de parcelamento era em seis vezes (34,5%); em julho/22, passou a ser em dez vezes sem juros (32,2%), o que revela ainda um processo de acomodação da nova sistemática desse tipo de oferta.

Segundo o estudo, a utilização do PIX já o leva ao 2 º lugar no ranking dos meios de pagamento aceitos pelo e-commerce brasileiro. A modalidade tem agora uma adesão de 78%, mesmo percentual do boleto,

Segundo a consultoria, a aceitação do PIX tem potencial para chegar a 92%, considerando o segmento de lojas que ainda não operam com essa forma de pagamento, mas que aceitam algum tipo de recebimento à vista (débito bandeira ou banco, ou boleto). Do grupo de lojas que ainda não aceitam PIX, apenas 8% não operam com pagamentos à vista.

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O avanço do pagamento instantâneo lançado em novembro de 2020 tem sido acompanhado pela consultoria desde a primeira edição do Estudo de Pagamentos Gmattos, de janeiro de 2021. Na ocasião, o PIX era o quinto do ranking, aceito por 16,9% dos comércios virtuais no Brasil, enquanto a aceitação do boleto era de 74,6%. Na edição de maio de 2022, enquanto o boleto ostentava uma aceitação de 76,3%, o PIX atingia 74,6%. Em julho, ambos parearam nos 78%.

Vários lojistas, inclusive, têm oferecido incentivos para os clientes pagarem por suas compras com PIX. Descontos de 3% a 10% foram observados em 24% das lojas que aceitam a modalidade, um tipo de estratégia que vem se tornando cada vez mais comum, segundo o levantamento. Em maio/22, 20% das lojas ofereciam descontos para pagamento com PIX, ante 14% em março/22. Descontos para pagamentos com boletos, por sua vez, foram detectados em 9% das lojas na edição de maio do estudo.

Outra verificação da Gmattos é a de que o PIX não tende a eliminar os boletos. Das lojas que aceitam a modalidade de pagamento instantâneo, 82,6% mantêm a aceitação do boleto, ao passo que 34,8% permanecem atuando com algum tipo de débito (bandeira ou banco). Este perfil se mantém em relação aos meses anteriores. “Fica claro que o PIX se tornará a forma preponderante de pagamento à vista para os lojistas”, analisa Gastão Mattos, cofundador e CEO da Gmattos.

Em quarto lugar no ranking dos meios de pagamento no comércio eletrônico aparecem as wallets, que apresentaram ligeira oscilação positiva entre maio e julho — de 45,8% para 47,5%. A novidade é o NuPay, inserido pelo Nubank para ofertar parcelamentos diferenciados aos seus clientes.

O débito se mantém em quinto lugar, no patamar de 30%, sustentado, principalmente, pela aceitação da modalidade débito banco e mais precisamente pelo Débito Virtual da Caixa Econômica Federal, com claro foco em ser uma opção de consumo para os beneficiados do auxilio emergencial do governo. Se desconsiderássemos o CEF Virtual, a aceitação do débito consolidado cairia de 30,5% para 22%, e a do débito banco, de 18,6% para 10,2%. O débito bandeira está estacionado na faixa de 15% nos últimos meses.

BNPL

A partir desta edição de julho, o Estudo de Pagamentos Gmattos passa a monitorar também o BNPL (Buy Now, Pay Later), dada a crescente relevância na aceitação dessa forma de parcelamento alternativo, fora das bandeiras e cartões de crédito, operada via bancos de varejo, crediário próprio de lojas ou fintechs que se lançaram com essa proposta de valor. Simultaneamente, o estudo observa a transformação em curso do parcelamento sem e com juros através de cartões de crédito.

Em julho/22, 15,5% das lojas ofereciam algum tipo de parcelamento do tipo BNPL. As ofertas nesse grupo foram através de bancos e crediário próprio (8,5%) e via fintechs (7% dos casos).

A edição de julho do Estudo de Pagamentos Gmattos analisou 59 lojas online de destaque no mercado brasileiro, dos mais diversos segmentos, as quais, juntas, representam 85% do comércio eletrônico do país. A maior parte das observações aconteceu entre os dias 01 e 02 de julho de 2022.

Contas em bancos

Pesquisa do Instituto Locomotiva aponta que 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a serviços bancários, número que equivale a 21% da população brasileira, que mesmo movimentando R$ 173 bilhões por ano, permanece longe dos bancos, o que representa 4% da renda que circula no mercado, de acordo com o estudo.

Matéria editada às 19h.

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