Governo Bolsonaro uberizou 1,5 milhão de trabalhadores

Motoboys trabalham mais horas e têm menor rendimento.

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Entregador (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Entregador (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

O instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira, dados do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e uma das conclusões é que, em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas uberizadas, ou seja, trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços. Esse dado equivale a 1,7% da população ocupada no setor privado.

Desse total, 52,2% (ou 778 mil) exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros, em ao menos um dos dois tipos listados (de táxi ou não). Já 39,5% (ou 589 mil) eram trabalhadores de aplicativos de entrega de comida, produtos etc, enquanto os trabalhadores de aplicativos de prestação de serviços somavam 13,2% (197 mil).

“Para esse recorte, é importante salientar que uma mesma pessoa, em seu trabalho principal, pode responder trabalhar por meio de mais de um tipo de plataforma digital”, explica Gustavo Geaquinto, analista da pesquisa.

Segundo o estudo, a proporção de trabalhadores plataformizados do sexo masculino (81,3%) era muito maior que a dos trabalhadores ocupados no setor privado (59,1%) e os plataformizados concentravam-se nos níveis intermediários de escolaridade, principalmente no nível médio completo ou superior incompleto (61,3%).

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A PNAD também revela que cerca de 77,1% dos ocupados plataformizados são trabalhadores por conta própria e 9,3% são empregados do setor privado sem carteira assinada.

Já no 4º trimestre de 2022, o estudo mostra que, em comparação ao total de ocupados no setor privado, os plataformizados trabalhavam mais horas semanais (46h x 39,6h) e contavam com menos trabalhadores contribuindo para previdência (35,7% x 60,8%). E o rendimento médio dos trabalhadores por plataformas digitais com nível superior (R$ 4.319) era menor que o dos ocupados não plataformizados com a mesma escolaridade (R$ 5.348).

Motoboys tem menor rendimento

Porém, segundo a PNAD, frente aos não plataformizados na atividade, os motoboys tinham menor rendimento (R$ 1.784 x R$ 2.210), menor proporção de contribuintes para previdência (22,3% x 39,8%) e trabalhavam mais horas semanais (47,6h x 42,8h).

Enquanto 44,2% dos ocupados no setor privado estavam na informalidade, entre os trabalhadores plataformizados esse percentual era de 70,1%.

Quando o assunto ainda é motoboy, tinham alto grau de dependência das plataformas: 97,3% e 84,3%, respectivamente, afirmaram ser o aplicativo que determinava o valor a ser recebido por cada tarefa realizada e para 87,2% e 85,3%, respectivamente, o aplicativo determinava os clientes a serem atendidos.

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