Falta de comida na mesa é preocupação nos EUA

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Posto sem combustível nos EUA (foto de Lin Jie, Xinhua)
Posto sem combustível nos EUA (foto de Lin Jie, Xinhua)

O aumento dos preços, a escassez de produtos e o tumulto no mercado de trabalho contribuem para uma difícil recuperação econômica dos Estados Unidos (EUA). Segundo o senador Rick Scott, membro da liderança republicana do Senado, os americanos estão “preocupados em não poder colocar comida na mesa ao aumentar os preços do gás e dos alimentos, tornando os orçamentos ainda mais apertados. Eles estão preocupados que seu próprio governo esteja trabalhando contra seus melhores interesses com políticas socialistas abrangentes que tiram suas escolhas e oportunidades.”

Os empregadores criaram 194.000 empregos em setembro, pouco mais da metade do total do mês anterior e bem abaixo das expectativas dos economistas. Cecilia Rouse, presidente do Conselho de Assessores Econômicos, culpou o vírus ressurgente, que deprimiu os gastos com serviços e desencorajou alguns trabalhadores de voltarem ao local de trabalho.

Rouse minimizou a importância da contratação de um único mês. Mas ela alertou que mesmo a média recente de três meses de 550.000 empregos provavelmente diminuiria, uma vez que foi distorcida por resultados extraordinariamente fortes em julho.

Ainda assim, a atual taxa de desemprego de 4,8% é a mais baixa da pandemia. E o número recorde de americanos que deixaram o emprego no mês passado é um sinal de amplas oportunidades para quem é capaz de trabalhar. “A economia dos EUA enfrenta alguns problemas de alta classe”, disse Jason Furman, que era o principal economista da Casa Branca de Barack Obama e hoje é professor de economia da Universidade de Harvard.

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Furman diz que “os problemas não são uma preocupação. Essa é uma escolha que as pessoas estão fazendo.” Ele se refere a ‘Grande Renúncia’, movimento criado por pedidos de demissão em massa relacionados com a pandemia. Segundo especialistas, hoje em dia, não é apenas o salário que leva a pessoa a escolher o emprego, mas também flexibilidade, benefícios e qualidade de vida. O setor em que as pessoas mais pediram demissão foi o de lazer e de hospitalidade, mas todos os segmentos foram afetados pelos pedidos.

“Não há um manual pronto para esse tipo de situação. Acho que eles estão descobrindo o que querem ”, finaliza Furman.

O número recorde de pessoas que abandonam o emprego, combinado com os dados da pesquisa, sugere que os salários aumentarão a uma taxa anual de 4% para 4,5%, disse Michael Pearce, economista sênior da Capital Economics nos EUA.

O mercado de trabalho mais rígido é um problema significativo para as pequenas empresas e ameaça manter a inflação acima da meta de 2% de longo prazo do Fed e se tornar “um obstáculo duradouro à atividade econômica”, segundo Pearce.

“Quanto mais a escassez continuar a piorar e o crescimento da força de trabalho permanecer lento, maior será a probabilidade de o declínio refletir mais fatores estruturais, como um ritmo aumentado de aposentadorias”, afirma.

Dados divulgados quarta-feira pelo Bureau of Labor Statistics mostraram que os preços subiram 0,4% em setembro em comparação com agosto, um pouco acima da mudança mês a mês anterior. Os consumidores continuam a experimentar preços mais altos em uma ampla gama de setores em comparação com o ano passado, inclusive para carros usados, gás, carnes, eletrodomésticos, sapatos e aluguel.

Falando em uma chamada de ganhos na quarta-feira, Jamie Dimon, diretor executivo do JPMorgan Chase, descreveu as tensões contínuas de oferta e os aumentos de preços como os efeitos colaterais de um forte crescimento. “Duvido que falaremos sobre coisas da cadeia de suprimentos em um ano”, disse ele a analistas.

Ainda assim, dados econômicos de setembro enfatizaram o quão vulnerável a recuperação econômica permanece à pandemia – e como os formuladores de políticas subestimado a ameaça representada pela variante delta quando o aumento começou há alguns meses.

No lado da inflação, os líderes do Fed disseram há muito tempo que os aumentos de preços são uma característica “transitória” ou temporária de uma economia atingida pela pandemia. A mensagem deles é que, à medida que as cadeias de suprimentos se esclarecem, a inflação se aproxima da meta anual de 2% do Fed no próximo ano.

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