Norte Fluminense e sua nova arquitetura

Região concentra indústria do petróleo e gera preocupação ambiental. Por Ranulfo Vidigal

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Porto do Açu
Porto do Açu (foto divulgação)

Estatísticas recentes divulgadas pelo IBGE revelam que o Estado do Rio de Janeiro detém 10,5% da geração anual de riquezas criadas pelo trabalho de seus 16 milhões de habitantes. Na segunda unidade da federação brasileira, o Norte Fluminense (NF) apresenta uma dinâmica econômica diferenciada, mediante o impacto de dois grandes projetos em expansão, ou seja, a produção petrolífera na bacia continental e a consolidação do Porto do Açú.

Estas atividades sucederam a produção canavieira, predominante na segunda metade do século anterior. Contudo, não podemos ignorar que a inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho e a escolha por ofertar matérias-primas foram fatores decisivos para o desenrolar da atividade produtiva no NF.

Pelo Censo Demográfico de 2022, o Norte Fluminense concentra 5,7% da população do Estado (quase 1 milhão de habitantes) revelando, também, franca desaceleração do incremento populacional e envelhecimento relativo da força de trabalho. Entretanto, sua expressiva extensão territorial mostra a existência de vazios em seus domínios, ou seja, a presença de áreas territoriais que poderiam ter utilização produtiva, num futuro próximo.

Plataforma de petróleo P51 da Petrobras, na Bacia de Campos, Norte Fluminense
Plataforma de petróleo P51 (foto Agência Petrobras)

As indústrias de Transformação e Extrativa Mineral respondem por 62% do PIB do Norte Fluminense, segundo o IBGE, contra 20% das atividades de serviços e comércio (altamente empregadoras). Na produção petrolífera, a existência de campos maduros gera perda de renda e recursos fiscais para seus municípios.

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Por outro lado, os dois projetos líderes (petróleo e unidade portuária) são intensivos em capital/poupadores de força de trabalho e, adicionalmente, geram preocupação com os aspectos ambientais, bem como sua baixa integração com a atividade produtiva tradicional dos atores econômicos locais.

Confirmando essas preocupações lembraria ao nosso público leitor do Monitor Mercantil matéria recente de repercussão nacional divulgadas num importante periódico paulista, que por sinal teve a seguinte manchete: “Exploração do pré-sal em Macaé (RJ) é ameaça para a maior área continua de restinga do Brasil”.

Diz ainda a referida matéria que, apesar de receber royalties do petróleo, aquele rico município tem bolsões de pobreza, acesso restrito à água potável/saneamento e outras mazelas do desenvolvimento desigual e combinado que predomina em Pindorama.

Num próximo artigo abordarei outros aspectos da rica região Norte Fluminense.

Ranulfo Vidigal é economista.

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