Nesta quarta-feira, os governos da Irlanda, Espanha e Noruega anunciaram que reconhecerão um Estado palestino na próxima terça-feira, dizendo que esperam que outros países ocidentais sigam o exemplo.
Na Espanha, o premiê Pedro Sánchez afirmou que a medida tem como objetivo acelerar os esforços para garantir um cessar-fogo na guerra de Israel contra o Hamas, em Gaza.
“Esperamos que nosso reconhecimento e nossas razões contribuam para que outros países ocidentais sigam esse caminho, porque quanto mais formos, mais força teremos para impor um cessar-fogo, para conseguir a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas e para relançar o processo político que pode levar a um acordo de paz”, disse ele, em discurso na Câmara.
Espanha e seus aliados passaram meses fazendo lobby junto às nações europeias, incluindo França, Portugal, Bélgica e Eslovênia, para obter apoio ao reconhecimento de um Estado palestino.
“Hoje, a Irlanda, a Noruega e a Espanha anunciam que reconhecemos o Estado palestino. E cada um de nós tomará todas as medidas nacionais necessárias para dar cumprimento a esta decisão”, declarou o primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris.
“Confio que outros países se juntarão a nós para dar este importante passo nas próximas semanas”, observou.
O premiê irlandês garantiu que o seu país acredita que “a paz permanente só pode ser garantida com base na livre vontade de um povo livre. Os palestinos em Gaza estão a sofrer os mais atrozes sofrimentos, dificuldades e fome. Uma catástrofe humanitária, inimaginável para muitos e inaceitável para todos, está a ocorrer em tempo real.”
Harris reiterou que a solução de dois Estados é o “único caminho credível” para a paz.
“Três décadas se passaram desde o processo de Oslo e talvez estejamos mais longe do que nunca de uma solução de paz justa, sustentável e abrangente”, disse ele.
Harris acrescentou que a Irlanda é inequívoca no reconhecimento total de Israel e de seu direito de existir “com segurança e em paz com seus vizinhos”, e pediu que todos os reféns em Gaza sejam imediatamente devolvidos.
Em Oslo, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, disse que a única alternativa para uma solução política entre israelenses e palestinos é “dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança”.
Em resposta aos anúncios, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ordenou o retorno imediato dos embaixadores israelenses nos três países envolvidos para consultas e alertou sobre outras “graves consequências”.
“Estou enviando uma mensagem clara hoje: Israel não será complacente com aqueles que minam sua soberania e colocam em risco sua segurança”, disse ele.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que também repreenderia os embaixadores da Irlanda, Espanha e Noruega em solo israelense e mostraria a eles um vídeo de mulheres reféns mantidas em cativeiro pelo Hamas.
Israel argumenta que a única maneira de obter a condição de Estado palestino é por meio de negociações e que contornar esse processo daria ao Hamas e a outros grupos militantes um incentivo para usar a violência.
Cerca de 144 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas já adotaram essa medida, incluindo a maioria dos países do sul global, Rússia, China e Índia, mas apenas alguns dos 27 membros da União Europeia o fizeram até agora, sendo a Suécia a primeira em 2014. O Reino Unido e a Austrália indicaram nos últimos meses que poderiam seguir o exemplo em breve.
Os palestinos buscam a condição de Estado na Cisjordânia ocupada por Israel e na Faixa de Gaza, tendo Jerusalém Oriental como capital.
O aliado mais fiel de Israel, os EUA, vetou no mês passado uma tentativa de reconhecimento pelas Nações Unidas de um Estado palestino, argumentando que uma solução de dois Estados só pode vir de negociações diretas entre as partes.
Com a decisão anunciada hoje, Espanha, Noruega e Irlanda se unirão a uma lista de outros cerca de 142 países e um território, todos membros da ONU, que atualmente reconhecem a Palestina como um Estado independente.A maioria deles faz parte da Liga dos Estados Árabes e do Movimento dos Países Não Alinhados, mas também há países ocidentais nessa lista, entre eles o Brasil.
Segundo o G1, “nenhum dos integrantes do G7, grupo dos países mais industrializados do mundo (EUA, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra, Itália e Japão), reconhecem o Estado da Palestina.”
Até agora, a ONU não reconhece plenamente a existência do Estado palestino. A Palestina tem o status de “Estado Observador Permanente” desde 2012, o que significa que o direito a participar dos debates e procedimentos da organização, mas não das votações.
Matéria atualizada às 11h43
Com informações da Agência Brasil, citando a Reuters; da Agência Xinhua e do G1
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