Nova Selic encarecerá ainda mais o crédito

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O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidirá nesta quarta-feira em que patamar ficará a nova taxa básica de juros, a Selic. O mercado financeiro prevê uma subida de 0,75 ponto percentual, fixando então em 3,5% ao ano. O BC usa a Selic como principal instrumento para controle da inflação.

Quando o Copom eleva a taxa há impacto nos preços porque os juros mais altos tornam o crédito mais caro e estimulam a poupança, favorece algumas aplicações como em renda fixa, por exemplo, mas deixam a economia real menos aquecida. Favorece quem tem interesse em diversificar a carteira de investimento. Mas analisando por um ponto de vista mais macro, a subida significa um forte impacto inclusive na dívida pública do país.

Na última reunião, realizada em 17 de março, o comitê subiu, depois de 6 anos, a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano, teto que era até então o mais baixo da série histórica do país.

O economista Roberto Ivo, professor da Escola Politécnica da UFRJ, explicou à reportagem do Monitor Mercantil como interpreta o movimento de elevação da taxa básica de juros. Ele acredita que a subida da Selic terá um “efeito marginal” na vida do cidadão comum (veja abaixo a entrevista completa). Conceitualmente, os economistas empregam a expressão alterações “marginais” para descrever pequenos ajustes.

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A reunião do Copom, que começou nesta terça-feira, é a segunda das oito reuniões programadas para 2021 para discutir o nível da taxa básica e os rumos dos juros no Brasil. Para o mercado de uma maneira mais global, a aposta é que a taxa seguirá subindo nas próximas reuniões e fechará este ano em torno de 5,5%.

A expectativa do mercado é a de que a Selic suba de 2,75% para 3,5% nesta reunião do Copom. O que isso representa para o consumidor comum?

A subida da taxa de juros terá para o consumidor comum um “efeito marginal”. O custo de crédito já está em patamares elevados. Já existe o spread que os bancos cobram e acaba refletindo nos empréstimos de financiamentos que o consumidor (pessoa física) contrai no dia a dia. É possível que haja um aumento, mas não muito significativo. O patamar já está elevado.

A Selic regula toda a política monetária do país. Em sua opinião, a elevação da taxa em um momento tão difícil economicamente é mesmo necessária?

– Em relação ao aumento da taxa, a gente está vendo isso desde o ano passado. Para o sistema de meta da inflação, eles ponderam os processos inflacionários com o hiato do produto – que é o produto potencial menos o produto que está sendo efetivamente visto. Então, esse diferencial é ponderado com a inflação para definição da taxa de juros. Estamos vendo uma pressão da inflação razoavelmente grande, principalmente por conta de aumentos de uma forma geral, como dos alimentos e dos serviços referentes as entregas que são feitas por causa da pandemia. Também há os efeitos sazonais da inflação, como aumento de escola. Além disso, os custos estão sendo pressionados por conta da cadeia de suprimentos com muitos produtos vindos da Ásia.

Como prevê o movimento que a economia seguirá?

– Há uma restrição de ofertas que explica aumento dos custos. Isso em algum momento será repassado para o consumidor. Tem ainda o dólar mais alto, o que deixa os produtos e alguns serviços mais caros e isso vai contaminando a economia como um todo. Mas estamos vendo uma possível retomada da economia, mas ainda muito marginalmente nesse primeiro semestre (que termina no final de junho). Essa retomada será em cima de uma base ainda deprimida, mas já é um acréscimo positivo para a economia.

De acordo com alguns especialistas, com a elevação da taxa o custo da dívida do governo sobe R$ 23,9 bilhões de um dia para o outro. Isso acontece porque os juros que o governo paga quando alguém investe no Tesouro são regulados pela Selic. Qual a sua análise sobre isso?

– A dívida do setor público é bastante elevada e isso acaba refletindo nas finanças públicas do país.  É uma questão importante a preocupação com a dívida pública porque é o que irá nortear os investimentos em economia real.

Que impacto tem todas essas questões para o investidor externo?

– Os fundos que vêm para o país vão olhar melhor a nossa capacidade de financiamento.

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