Os caminhoneiros estão ameaçando paralisar o país. Desde o último sábado, a categoria fala em “estado de greve”, com veladas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta segunda-feira as entidades representativas da classe prometeram entregar uma lista de reivindicações para o governo como forma de evitar paralisação nacional a partir de 1º de novembro.
O governo parece que não leva fé nessa nova paralisação dos caminhoneiros, que estão reivindicando itens como o cumprimento do valor mínimo do frete rodoviário, a aposentadoria especial para a categoria (aos 25 anos de trabalho) e a mudança na política de preços.
Pelo lado dos combustíveis, a Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (Brasilcom) comunicou aos consumidores o risco de desabastecimento de gasolina e óleo diesel no Brasil no mês de novembro, devido a “uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento”.
A entidade denuncia que “reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento”. As distribuidoras brasileiras alertam ainda para o risco no “estabelecimento de condições comerciais com preferências a determinados clientes, desequilibrando o ambiente concorrencial do mercado de combustíveis.”
A Brasilcom também lembra que há cerca de quatro anos, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos vêm alertando para as consequências da subutilização das refinarias da Petrobras por decisão da gestão, que vem reduzindo a produção de combustíveis para favorecer os importadores, beneficiados pela política de Preços de Paridade de Importação (PPI) implementada no governo Temer e mantida por Bolsonaro. Nos últimos anos, o fator de utilização de refinarias brasileiras (FUT) caiu de 94% para 70%.
Por conta disso, somente este ano, a gasolina já subiu 56,2% nas refinarias da Petrobras e 35,5% nos postos de revenda. Em igual período, o óleo diesel aumentou 50,9% nas refinarias, e 31,5% nos postos. A título de comparação, nos mesmos meses, a taxa de inflação acumulada, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 6,90% e, nos últimos 12 meses, em 10,25%. Enquanto isso, o salário-mínimo não tem aumento desde 2016.
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