No polêmico artigo disfarçado de entrevista a uma colunista de um jornalão, FH se lamentou: “Quando terminar meu mandato, terei que trabalhar, fazer conferências ou escrever para sobreviver”. O povo brasileiro pensava que era isso que ele fazia no Palácio do Planalto.
Novos hábitos – 2
Não se sabe a que padrão de vida FH se acostumou em seis anos na Presidência da República, mas quando largar a faixa poderá se dedicar ao ócio sem passar por necessidades. Vai acumular a aposentadoria como professor (obtida aos 37 anos), como senador e como presidente. Calcula-se um mínimo de R$ 20 mil por mês.
Velhos hábitos
Ainda no artigo, FH tentou passar alguns “contrabandos” como se fossem verdades absolutas. Diz que a compra de votos para abafar a CPI da Corrupção foi “luta política legítima” (ignorando as muitas matérias mostrando liberação extraordinária de verbas às vésperas da retirada de assinaturas). Se mostra preocupado com os novos fatos no Caso Marka, ao afirmar que “qualquer amador sabe que não se grampeia celular” – ao contrário, telefone celular é muito mais fácil de grampear que o fixo.
Sofisma
Em campanha pró-tarifaço da energia elétrica, a Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP) recorreu ao contorcionismo verbal para defender a sucção do bolso dos contribuintes. No número da revista da entidade, Update, que circulará em junho, a Amcham-SP propõe “uma recomposição tarifária que intimide perdulários e poupe os pobres promoverá uma renovação tecnológica e será boa para o povo. A alternativa perversa é que paguem todos, cigarras e formigas, indistintamente.”
Tumular
O presidente da Light, Michel Gaillard, prestará depoimento, na CPI das Privatizações na próxima quarta-feira. Ele foi intimado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, já que se recusara a atender ao convite feito pelos parlamentares. A informação é do coordenador do Fórum Pró-Revisão das Privatizações Estaduais, Ronald Barata. Por sua vez, o presidente do Crea-RJ, José Chacon de Assis, encaminhou a Gaillard carta de repúdio pela “demissão de funcionários que prestam serviços a esta empresa”. O documento acusa a Light de se “aproveitar de eventual carência de energia elétrica para a qual não contribuíram seus empregados”, descarregando sobre eles as conseqüências do evento “em atitude injustificada e desumana”.
Projeção
Psicanalistas que tratam esta coluna com a mesma atenção que dedicam a seus analisados garantem: a revogação da Lei de Defesa do Consumidor por medida provisória, perpetrada um dia depois de o presidente FH tratar seus opositores de fascistas, não é mera coincidência.
Definição
O jornal argentino Clarin, ao contrário da chamada grande imprensa brasileira, não mediu palavras para falar da abertura de processo contra ACM. Abriu em manchete: “A queda do caudilho da direita”.
Limpeza
Não é nada não é nada, já nos livramos de mais dois.
Mercado
Não precisa ser um expert para notar que FH está, para usar uma linguagem figurada, à beira de um ataque de nervos. E o artigo travestido de entrevista que publicou esta semana num jornalão do Rio deixa claro onde aperta o calo do presidente. A maior preocupação dele é ser abandonado pelo “mercado”, esse ente invisível que ele adulou durante seis anos de mandato e, antes ainda, como ministro de Itamar. Ao revelar seu temor de que uma oposição legítima chegue ao poder e tire o país da rota das trevas, FH mostra que só aceita uma alternância no poder como a que “houve na Argentina, no México, no Chile”. Em comum, os três têm presidentes eleitos teoricamente pela oposição mas que não mudaram uma linha – ou se alteraram foi para pior – da política neoliberal que domina esses países.