Startup, fundada há quatro anos, tem 4 milhões de detentores de cartões de crédito
A startup brasileira Nubank, pioneira no segmento de tecnologia financeira, anunciou nesta quarta-feira (13) que começou a oferecer contas bancárias digitais para pessoas que não fazem parte de sua atual base de clientes de cartões de crédito. A iniciativa deve aumentar a concorrência com os bancos tradicionais. Em janeiro, o Nubank recebeu aval do Banco Central para atuar como instituição financeira completa.
Foram abertas contas digitais para 1,5 milhão de clientes durante um período de testes limitado a uma parcela de seus 4 milhões de detentores de cartões de crédito, informou o presidente-executivo David Velez à Reuters.
Mais conhecida por seu cartão de crédito roxo sem taxas, o Nubank lançou contas bancárias digitais em outubro de 2017 como parte de um plano para oferecer uma gama mais ampla de produtos financeiros.
A base inicial de 1,5 milhão de clientes significa que o Nubank já é maior do que os maiores bancos puramente digitais do Brasil, como o Banco Inter SA, o Banco Agiplan e o Banco Original. Mas ainda está muito atrás dos dois maiores bancos tradicionais privados do Brasil, o Banco Bradesco e o Itaú Unibanco, que têm mais de 20 milhões de clientes cada.
O Nubank é um provedor de serviços de pagamento, não um banco, portanto, suas contas oferecem uma gama menor de serviços do que um banco tradicional, mas têm a vantagem de ser gratuitas. Os serviços incluem transferências, pagamento de contas e poupança.
Velez disse que o Nubank lançará mais produtos financeiros nos próximos meses, sem especificar os tipos de produtos. Contas bancárias digitais têm um papel de liderança na atração de clientes, disse ele. Devido a rigorosas verificações de crédito, a emissão de cartões de crédito é negada a muitos brasileiros, limitando o alcance do Nubank.
O Nubank já levantou US$ 330 milhões em seis rodadas de financiamento destinadas à expansão.
Expansão da base
A rápida ampliação da base está impulsionando as receitas, mas o lucro não é ainda um objetivo de curto prazo para o Nubank, conforme já declarou seus executivos. “Ter lucro não é meta para este ano. Pode acontecer daqui a um ano, daqui a cinco anos; o que não queremos é perder oportunidades,” afirmou recentemente o fundador e presidente do grupo, o empresário colombiano David Vélez.
Criado há quase quatro anos, o Nubank ganhou popularidade entre o público jovem oferecendo cartões de crédito sem taxas de anuidade. Mas desde o ano passado, vem incorporando outros serviços financeiros, como o de conta de pagamentos, enquanto busca ampliar a competitividade com grandes bancos comerciais.
A empresa fechou 2017 com cerca de 3 milhões de clientes, mais do que o dobro em relação a 2016. No ano passado, as receitas totais no Nubank, incluindo ganhos financeiros mais as tarifas de intercâmbio dos cartões, triplicaram para R$ 567 milhões. O prejuízo foi de R$ 117 milhões, quatro vezes menor do que em 2016.
Aportes financeiros
A startup tem recebido aportes de empresas de capital de risco como Sequoia Capital, Kaszek Ventures e Tiger Global Management. Em março, captou US$ 150 milhões na sexta rodada de investimentos, liderado pelo fundo DST Global, que avaliou o Nubank em US$ 1 bilhão, marca que no jargão do mercado classifica a fintech como um unicórnio.
Em paralelo ao aumento da oferta de produtos, o Nubank vem mirando clientes de mais idade, que também têm maior renda e mais capacidade de gerar receitas. Segundo Vélez, a idade média dos clientes do grupo, que já foi de 21 anos, hoje é de 32 anos.
Na semana passada, o grupo lançou sua primeira campanha na mídia tradicional, baseada numa música interpretada pela cantora Elis Regina (“Como Nossos Pais”), sucesso de quatro décadas atrás.