O número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda aumentou para cerca de 282 milhões em 2023, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura (FAO) na quarta-feira. Trata-se de um aumento de 24 milhões desde 2022, sublinhou a FAO no seu último Relatório Global sobre a Crise Alimentar. O estudo abrange apenas 59 países.
Prevê-se que mais de 705 mil pessoas em cinco países estarão em situação de catástrofe em 2023 – o número mais elevado nos relatórios e quase o dobro do registado em 2022.
A líder global de Segurança Alimentar e Econômica da ONG Oxfam, Emily Farr, afirmou que “a crise global da fome é fundamentalmente uma crise moral. É imperdoável que mais de 281 milhões de pessoas sofram de fome aguda, enquanto os mais ricos do mundo continuam a obter lucros extraordinários”.
Os cinco homens mais ricos do mundo mais que dobraram suas fortunas de 2020 até 2023 – de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões, revelou a Oxfam no início deste ano, no relatório Desigualdade S/A.
As 100 maiores empresas de armamento – as mesmas empresas aeroespaciais e de defesa que ajudam a alimentar os conflitos globais – acumularam quase US$ 600 bilhões em receitas apenas em 2022 – o suficiente para cobrir quase 13 vezes o apelo humanitário global da ONU.
As causas profundas do aumento da insegurança alimentar foram guerras, eventos climáticos extremos e crises econômicas combinadas com “ações inadequadas”. Especialmente a guerra de Israel contra o Hamas e a guerra no Sudão foram identificados como fatores-chave que contribuem para a escalada da emergência global.
“A Faixa de Gaza tem o maior número de pessoas que enfrentam uma fome catastrófica alguma vez registada pelo Relatório Global sobre Crises Alimentares”, sublinhou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no prefácio do relatório.
Mais de 281,6 milhões de pessoas – ou 21,5% da população avaliada no relatório – enfrentaram elevados níveis de insegurança alimentar aguda no ano passado em 59 países e territórios.
Por outro lado, a situação melhorou em 17 países, o que resultou em menos 7,2 milhões de pessoas sofrendo de insegurança alimentar aguda no mesmo período.
No entanto, o relatório alerta que as perspectivas para 2024 são sombrias, sem previsões de melhorias substanciais e com guerras, condições meteorológicas extremas, fraco poder de compra nos países de baixo rendimento e uma diminuição do financiamento humanitário que deverá continuar afetando as populações que já enfrentam insegurança alimentar.
Com Agência Xinhua