Sir Winston Leonard Spencer-Churchill (30/11/1874; Woodstock, Inglaterra – 24/1/1965; Londres Inglaterra), estadista inglês, passou à História, principalmente, por seu desempenho como primeiro-ministro do Reino Unido, na Segunda Grande Guerra. Ele ocupou diferentes postos de alta relevância no Reino Unido (secretário de Estado, deputado, chanceler do Tesouro, ministro das Finanças, do Comércio, da Defesa, das Colônias, das Munições e, por duas vezes, primeiro-ministro da Grã-Bretanha). Por seus discursos, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1953. De família da aristocracia britânica, foi também um elogiado orador e bem-humorado confeccionista de frases de efeito.
Em uma dessas expressões de efeito, para homenagear os aviadores (militares e não militares) que, de forma bem-sucedida, devotaram-se a defender a ilha inglesa dos ataques aéreos da Luftwaffe nazista (por aviões e pelas bombas V1), impedindo um desembarque das tropas inimigas, disse ele: “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos.”
No Brasil, hoje, com cerca de meio milhão de vítimas fatais do desastre da inação ante a pandemia da Covid-19, poderia ser dito: nunca tão poucos deveram tanto a tantos.
Imposto mundial sobre as ‘bigtechs’
Na reunião presencial do G7 (grupo que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), recém-realizada (de 11 a 13 de junho), foi obtido o consenso sobre a intenção de se criar um imposto global sobre o lucro de grandes empresas, sobretudo as chamadas “bigtechs”. No início de tudo, está a existência de estudos segundo os quais ocorre uma grande evasão fiscal neste segmento. Estima-se que possa chegar a até US$ 500 bilhões o rombo da evasão fiscal, desviados pelas empresas para paraísos fiscais.
Na direção errada
Ao mesmo tempo, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo Iweala, em fórum virtual realizado na ONU, balançou o palanque das autoridades, concluindo que “a tendência está indo na direção errada”, a respeito de barreiras comerciais erguidas por Estados-membros durante a pandemia, dificultando o fluxo de suprimentos médicos usados no trato da Covid-19. Ela pediu aos Estados-membros a retirada dessas barreiras.
Pediu mais aos membros da OMC. Colocando como limite o mês de julho, pediu a conclusão de um ajuste para viabilizar o acesso às vacinas contra a Covid-19, considerando que, há meses, têm ocorrido conversas sobre a renúncia de patentes da indústria farmacêutica, e, enquanto os países em desenvolvimento apoiam a isenção, vários países ricos mantém-se contra, sob o argumento de que estariam inibindo pesquisas como as que ensejaram a produção “just-in-time” de vacinas.
Sem ser pelo método bagual do analista de Bagé, o joelhaço, alguém acredita na renúncia espontânea de patentes pelas indústrias?
O extermínio de jovens negros continua
As palavras caem como em uma cascata macabra. “Rigoroso inquérito”, os policiais “reagiram a tiros disparados por traficantes”, blá, blá. E uma vez mais, uma jovem negra é assassinada por agentes do Estado que deveriam protegê-la. Desta vez, o nome da tragédia é Kathlen Romeu, 24 anos, design de interiores, negra, grávida, atingida por um tiro de fuzil, que atravessou o seu corpo e a matou. A cena do crime foi modificada, e o rigoroso inquérito dirá por quem.
Advinha…
Um bom goleiro
Na CPI da Covid-19, sessão de 11 de junho, Natália Pasternak Taschner, PhD em microbiologia, fundadora e primeira presidenta do Instituto Questão de Ciência; autora dos livros Abaixo a ignorância! e Ciência no cotidiano: Viva a razão, didaticamente, ensina como contratar um bom goleiro. Primeiro, avalia-se o retrospecto; considerar que um frango ou outro não significa que é mau goleiro; por fim, o seu desempenho depende também da defesa do seu time.
“Uma boa vacina é como um bom goleiro”. Conclui, didaticamente. Só faltou desenhar…
Petrobras não é só Petrobras
Em seu clássico Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado aborda também razões para explicar a extensão territorial e unidade do Brasil. E se refere ao Ciclo do Ouro, com a demanda desmedida por mulas que faziam o percurso acidentado das Minas Gerais e de Goiás para os portos de Rio de Janeiro e Parati. Daí, as que resistiam, faziam o percurso inverso, montanha acima, levando víveres, onde o custo de oportunidade de se produzir qualquer outra coisa era medido em ouro. Somente de uma mina, a de Jeje, em Mariana (MG), pelos registros recuperados da época (subnotificados) saíram 737 toneladas de ouro, entre 1837 (fundação) e 1979 (fechamento). Haja mulas.
Esses animais vinham do Nordeste, disponibilizados em decorrência da decadência da produção do açúcar e do Sul. Complementariedade foi a chave do sucesso da atividade. Um produtor era mais vocacionado para tirar as crias, outro para a engorda, outro para o deslocamento e assim se desdobra a atividade em um conjunto de negociações que botam as pessoas em interação.
A unidade citada não veio por acaso e não se manteve por acaso. Em uma época que o Brasil é visto por alguns como uma grande fazenda, supridora, para o mundo, de recursos naturais e alimentos, quais atividades têm o vigor e a complexidade que permita a liga das complementariedades?
A Petrobras anunciou a venda de 37,5% das ações da BR Distribuidora, negócio estimado entre R$ 8 bi e R$ 10 bi. Chama-se a isso de Plano de Desinvestimento, com apuração estimada entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões, até 2025. Pode ser questionado se a Petrobras, que hoje está presente dos Pampas ao Amazonas, terá condições de se manter como motor desta unidade, à medida que vai sendo fatiada. Afinal, Petrobras não é só Petrobras.
#vacina sim #vacina já