O acordo militar Brasil-EUA

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No momento em que se discute a composição do futuro ministério do presidente eleito, com destaque para o titular da pasta da Defesa, é necessário antes recordarmos alguns assuntos relevantes. Afinal, o novo titular será um representante da administração Lula junto às Forças Armadas ou um representante destas junto à administração Lula? Ou nenhuma delas? Qual o programa do presidente eleito para a área de Defesa Nacional? Qual, dos indicados, é o mais bem preparado para exercer a difícil função? O que pensa dos grandes problemas existentes, como a escassez de verbas para o segmento, o acordo de Alcântara, as aeronaves mais capacitadas para o plano de modernização da Força Aérea? E, sem dúvida, o que pensa sobre o acordo militar Brasil-EUA?
O atual ministro da Defesa do Brasil, Sr. Geraldo Quintão, realizou, tempos atrás, uma significativa visita ao secretário de Defesa dos EUA, Sr. William Cohen. A assessoria do Sr. Quintão informou, na época: “Nunca na história Brasil e Estados Unidos tiveram relações tão densas em vários campos de entendimento, reforçadas pela facilidade de diálogo entre os presidentes Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso. É natural, portanto, que o estreitamento seja também estendido ao campo da defesa”.
Em seqüência, a administração brasileira acabou aceitando a assinatura do Protocolo 505, um acordo pelo qual os EUA se comprometem a doar-nos material bélico sucateado, tendo como contrapartida a abertura de nossos quartéis para inspeções regulares (por solicitação de militares nacionalistas, conseguiu-se o favor de que as inspeções sejam feitas em datas pré-agendadas com as forças singulares brasileiras).
Representa o retorno à situação anterior vivenciada pelo Brasil, antes do governo Geisel, quando este promoveu o rompimento do então vigente acordo militar Brasil-EUA. Além disto, logo depois da visita, em passado recente, do mesmo Sr. Cohen ao país, foi criado o Ministério da Defesa no país, comandado ainda por um civil, por imposição dos EUA, com a extinção do Emfa e dos ministérios militares, reduzidos agora a Comandos.
Também foi implementada a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), diretamente subordinada à Presidência da República, pois os americanos exigem a intervenção direta do presidente da República no relativo ao combate às drogas, bem como a campanha de desarmamento radical da população digna e de bons costumes.
Outros 86 países já são signatários do Protocolo 505, sendo o Brasil a 87ª nação. Faltava ainda a aprovação do Congresso. É óbvio que se cria assim um incentivo à indústria bélica dos EUA, pois o material doado será reparado, de tempos em tempos, gerando assim um mercado cativo para os irmãos do Norte. Ainda fazem parte da pauta de reuniões, além de operações de paz, o combate a crimes transnacionais e cibernéticos e a formação de quadros civis para compor a estrutura militar brasileira. Agora entendemos melhor as razões da campanha pela anulação da Escola Superior de Guerra (ESG). Os futuros quadros civis brasileiros deverão ser formados sob orientação do National Defense University.
Depois do domínio econômico, vimos a crescente influência da língua, da cultura, na expressão psicossocial brasileira. Na Espanha, por exemplo, as palavras são traduzidas para a língua pátria, até no McDonald”s. No Brasil é “drive thru” mesmo. Na expressão política, o sistema financeiro internacional continua a eleger e derrubar presidentes e outros menos votados. Era de se prever que a influência chegaria à expressão militar. E a mídia amestrada silencia. Denunciam que, na época do regime dito militar, o Brasil era colônia dos EUA. Agora, quando os neoesquerdistas estão no poder, nunca houve uma influência tão impositiva dos EUA sobre o Brasil como no momento.
A solução principia em pressionar o Congresso para evitar a aprovação de tal protocolo e lutar, passo a passo, pelo resgate da pátria perdida.

Marcos Coimbra
Professor titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG).
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