O Caso Yukos não irá parar os investidores

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Se analisarmos toda a história da oposição das autoridades russas e da companhia petrolífera Yukos sem a ligarmos à política, tudo se apresenta muito simples. Ao que parece, o caso Yukos aproxima-se da sua fase final, há muito esperada por todos. A companhia começou a pagar a dívida fiscal no valor de 99 mil milhões de rublos (mais de 3 mil milhões de dólares), cumprindo a respectiva resolução do Tribunal de Arbitragem de Moscovo. Cabe lembrar que até agora os órgãos fiscais exigiram à companhia o pagamento dos impostos em falta referente aos resultados da actividade em 2000 e 2001. O Estado reclama o pagamento de 200 mil milhões de rublos (6 mil milhões de dólares), tendo o Tribunal de Arbitragem confirmado a legitimidade das exigências fiscais, mas só as referentes ao ano de 2000.
Actualmente a questão-chave para o investidor particular já não é a própria companhia Yukos, mas as consequências deste processo, ou seja o clima de investimentos como tal no país. O que se passa agora neste sector?
As tendências anteriores relativamente aos investimentos na Rússia indicavam que em Fevereiro-Março, após a pausa tradicional em Novembro-Janeiro, deveria ser registado um crescimento dos investimentos, o que, aliás, não aconteceu. Porém, não se pode excluir que a pausa esteja relacionada precisamente com o caso Yukos, embora tal seja impossível provar. De acordo com as avaliações de peritos do sector, toda esta história não tem nada a ver com as alterações do clima de investimentos no país, pois tem por base um conflito político entre o poder e Khodorkovski e não deve vir a afectar outros agentes do mercado petrolífero. Os peritos afirmam que, se tudo é feito de acordo com a legislação em vigor e não se trata do início de nacionalizações na Rússia, então a pausa nos investimentos não será prolongada.
Segundo as palavras do vice-presidente da União de Industriais e Empresários da Rússia, Igor Yurguens, se em Agosto a Yukos falir, tal irá fazer diminuir o “ranking” de todas as empresas que contraíram empréstimos. Será péssimo se os empresários nacionais começarem a ter medo de investir na Rússia. Se os seus investimentos caírem dos 80 por cento do lucro para 20 por cento, tal poderá vir a ser um problema sério para a economia do país, muito mais sério do que a mudança dos ânimos dos investidores ocidentais. Não se deve esquecer ainda dos investidores estrangeiros que investiram o seu dinheiro na Yukos. A empresa poderá perder as licenças e outros activos, enquanto os investidores perdem avultadas somas em dinheiro.
Aliás é pouco provável que estes receios se tornem realidade, pois a Yukos é uma companhia de escala mundial, cuja capitalização se cifra actualmente em 40 mil milhões de dólares. Mesmo pagando todos os impostos algo irá ficar com certeza, se os próprios accionistas não inventarem, é claro, formas de “pulverizar” os activos da companhia.
Tudo isso, porém, são só hipóteses do futuro desenrolar dos acontecimentos. Os representantes do governo russo vêem no caso da Yukos significativas vantagens para a economia do país. Por exemplo, as receitas provenientes do pagamento de impostos engrossarão o orçamento federal em 17 por cento, ou seja, em cerca 1,48 milhão de milhões de rublos em Janeiro – Junho de 2004. As receitas fiscais sobre os lucros aumentaram 56 por cento, as receitas do IVA em 10 por cento e as receitas sobre os rendimentos – 27 por cento. Segundo declarou o vice-ministro das Finanças da Rússia, Serguei Chatalov, este facto explica-se, em particular, pelas consequências do caso das Yukos, que mostrou como é perigosa a fuga aos impostos. Em resumo, a fuga de capitais e a redução dos investimentos não passam de prognósticos, enquanto o aumento das receitas fiscais já é uma realidade.
No que se refere a prognósticos, os mais pessimistas são os seguintes: a eventual fuga de capitais irá desacelerar o crescimento económico do país, dos 6-8 por cento prometidos pelo governo para 2-4 por cento. Cabe assinalar que nenhum dos peritos fala em qualquer problema global para o país. O crescimento continuará mesmo com investimentos reduzidos. Para além disso, é difícil fazer recuar os investidores da Rússia, visto que os investimentos na economia russa proporcionam lucros incomparavelmente maiores do que os investimentos de capitais na Europa e América. Mesmo um investimento péssimo na Rússia dá 10 por cento de lucros, face aos 5 por cento nos EUA.
É mundialmente conhecido que actualmente há apenas três países com grande potencial de crescimento: a Rússia, a China e a Índia. Para os investidores revestem-se de maior interesses as tendências a longo prazo. Eles já calcularam tudo e compreendem que se não investirem hoje numa economia emergente, terão perdas dentro de 10-20 anos. Face a isto o caso da Yukos é uma ninharia.

Yana Yurova, observador da agência de notícias russa RIA Novosti.

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