Os escandalosos erros das previsões feitas pelos economistas no início do ano não se devem apenas, nem principalmente, à baixa qualidade dos búzios nacionais depois da desvalorização do real. O principal puxador do colapso da quiromância econômica em 99 foi o ministro Pedro Malan.
Na condição de principal detentor dos instrumentos de política econômica, Malan prometeu, no início do ano, entregar ao FMI uma recessão que atingiria 4% do PIB e produziria superávit comercial de US$ 10,8 bilhões. Mais do que previsões, os números de Malan eram promessas – ou ameaças – de um fim de ano de terra arrasada.
O fato de consultores nacionais ou estrangeiros terem radicalizado suas previsões apenas confirma velho e manjado axioma, ignorado apenas pela mídia “chapa branca” e endividada em dólares: previsões de consultorias estão alavancadas nos interesses dos seus clientes.
As promessas de Malan não se concretizaram, menos por vontade do quiromancista, e sim pela resistência da sociedade brasileira. Ao contrário de quem vive no paraíso fiscal da economia virtual, os brasileiros produtivos e de carne e osso sabem que o preço a ser pago por uma recessão cavalar num país de desigualdades sociais tão acentuadas quanto o nosso, além de inútil, é extremamente elevado. Por isso, negaram-se a conceder o direito de exercê-lo a fundamentalistas que parecem confundir o cheiro de pólvora com o do espocar dos fogos da virada do ano.
Vítimas
Corroborando os dados nacionais do IBGE, divulgados há duas semanas, números do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro mostram que a violência é a principal causa da mortalidade de crianças e jovens no estado. Na faixa de 15 a 19 anos, 1.317 mortes – 53% do total – foram causadas por violência, especialmente com emprego de armas de fogo. A segunda maior causa é o trânsito, com 272 casos. Apesar de não constar da estatística, pode-se especular o que está por trás dos números: a juventude fluminense, sem perspectivas, morre na mão do tráfico de drogas. Para tentar mapear o problema, a Secretaria estadual de Saúde exige, desde julho, que os hospitais da rede pública notifiquem as mortes. De lá para cá, a cidade de Duque de Caxias aparece como destaque negativo, com 85 dos 124 casos notificados. Comitê criado pela Secretaria de Saúde vai sugerir formas de prevenir a violência no estado.
Explosão
O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, consultor da Merril Lynch, cunhou nova expressão para definir uma recorrente tungada no bolso da classe média e no caixa das empresas: inflação nuclear, tradução esquisita do inglês core inflation. A idéia é expurgar dos índices de preços variações muito grandes, como a do recente aumento do petróleo. Como todos vão continuar pagando mais caro pelos combustíveis e outros produtos, independente do termômetro que vá medir a variação de preços, fica claro em cima de quem essa proposta vai explodir.
Compras na rede
Brasil Online, empresa do Grupo Universo Online (UOL), testou nove livrarias e seis lojas de CDs nacionais, além de quatro lojas internacionais de cada categoria, para checar como anda o comércio eletrônico. As livrarias Siciliano Virtual e Bookpool foram consideradas as melhores nas categorias nacional e internacional, respectivamente. Livraria Saraiva e Audio House ganharam como as melhores lojas de CDs nacional e internacional. O teste mostrou que pesquisar compensa: o preço de um mesmo livro, mais o frete, pode variar de R$ 13,44 a R$ 21,30, ou ainda de US$ 20,95 a US$ 42,24. Quanto ao prazo, houve o caso de uma livraria virtual que fez entrega em um dia útil. As lojas de CDs apresentaram uma variação de preço de R$21,70 a R$ 31,06. As internacionais tiveram a diferença mais acentuada de US$ 16,94 a US$ 34,51. O primeiro CD chegou em dois dias úteis. A empresa não comparou preços entre as lojas da Internet e aquelas do mundo real.
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Nestes dias meio parados entre o Natal e a chegada do ano 2000, quem anda em atividade frenética são os marqueteiros do Governo federal. Ontem, em seu programa de rádio, FH recebeu o reforço do atleta do século Pelé e da atriz Tônia Carrero. Foram apoiar mais um blá-blá-blá do Governo, desta vez para a sociedade ajudar nas soluções dos problemas sociais – como se isso já não ocorresse, com o estímulo extra da omissão federal.
Não só de flores
O fecho do almoço de solidariedade ao brigadeiro Walter Bräuer, ontem, no Clube da Aeronáutica, ficou a cargo do cantor Geraldo Vandré. Vestindo uma camiseta da Força Aérea, Vandré, que prestou serviço militar sob o comando de Bräuer, emocionou as cerca de 700 pessoas presentes, entre militares (da ativa e da reserva) e civis, lendo o poema Fabiana, em que homenageia a Aeronáutica.