É vital a implantação de políticas econômicas voltadas ao coletivo
Os principais dirigentes de países de todos os continentes acompanharam o processo eleitoral brasileiro. Da mesma forma a imprensa internacional. Essa motivação singular não se deve somente à preservação do meio ambiente, mas também no rumo político e ideológico e no processo civilizatório do planeta nas próximas décadas.
As pesquisas pré-eleitorais indicavam um eleitorado dividido. Essa previsão se tornou concreta na apuração dos votos. Apesar de alguns incidentes fora das normas da justiça eleitoral, tivemos uma eleição tranquila, onde o povo brasileiro se expressou através do voto.
Essa normalidade foi extremamente importante para o amadurecimento de nossa democracia. A postura do Parlamento e Judiciário foram importantes, assim como os setores de segurança. As ações e posturas corretas das Forças Armadas brasileiras devem ser destacadas. A consolidação da democracia foi a grande vitoriosa dessa eleição que será registrada na história política brasileira.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito e será o nosso presidente a partir de janeiro de 2023. No seu primeiro pronunciamento após a apuração dos votos, ele convocou todos os brasileiros para trabalharem para transformarmos o Brasil em um país sem fome, sem desigualdades e com oportunidades para todas e todos.
É vital, para que essas ideias sejam concretizadas, a implantação de políticas econômicas voltadas ao coletivo, com o encurtamento gradual das diferenças entre ricos e pobres, como tem sido apontado de forma repetida pelo ex-ministro do Superior Tribunal Federal Carlos Ayres Brito. Os pensamentos de Milton Santos podem servir de bússolas para essa conquista.
Será importante tornar realidade, como apontavam Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade, seja básica ou superior. As universidades, tão abandonadas nos últimos anos, precisam ser revitalizadas para poder ser o celeiro de profissionais e cientistas e assumirem uma posição de vanguarda na sociedade.
A importância da ciência deve ser enfatizada, pois ela é o instrumento para o bem-estar da sociedade e o melhor caminho para entender a nossa realidade e o significado da nossa existência.
O Sistema Único de Saúde, uma invenção brasileira, deverá ser prioridade para poder exercer as suas funções em prol da saúde de todos os brasileiros.
Chegou a hora de termos um investimento contínuo na cultura, em todas as suas formas de expressão. Temos que respeitar e venerar a nossa diversidade cultural e religiosa, herdadas de nossos povos originários, africanos, europeus e orientais.
O Brasil será admirado por toda a sociedade planetária se formos capazes de preservar todos os nossos biomas, que são fundamentais para a preservação da vida no planeta. Temos que acreditar que podemos transformar esse país no paraíso que era, antes de sermos colonizados.
É a hora de desarmamos nossos espíritos, eliminarmos a violência, estabelecermos um diálogo de convivência, procurando as nossas convergências para construirmos um futuro virtuoso para as próximas gerações.
É pertinente lembrar o pensamento de Stephen Hawking: “As grandes conquistas da humanidade foram obtidas conversando, e as grandes falhas, pela falta de diálogo”.
Lembremos também a música Um novo tempo, de Marcos Valle:
“Hoje é um novo dia
De um novo tempo que começou
Nesses novos dias, as alegrias serão de todos
É só querer
Todos os nossos sonhos serão verdade
O futuro já começou
Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa
É de quem quiser, quem vier
A festa é sua, hoje a festa é nossa
É de quem quiser, quem vier.
Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador emérito do CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022 – 2030 o Brasil e o Mundo que queremos.