Por um incrível milagre, a mídia chapa branca transformou, no final de semana, o advogado Rogério Buratti em “ex-assessor” de Palocci. O operador do lixo foi bem mais que isso: secretário de Governo na primeira gestão do atual ministro da Fazenda na Prefeitura de Ribeirão Preto, Buratti seria o equivalente ao chefe da Casa Civil da Presidência da República.
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A convergência da crise política com o calendário de divulgação dos números da dívida pública permitiu, mesmo aos não-iniciados, entender as razões por trás do atestado de bons antecedentes concedido, precipitadamente, pela mídia local ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, lavrado nos singulares termos da “minha palavra me auto-absolve”. Enquanto, mais do que cotejar as declarações de Palocci com a investigação recomendada pelo bom jornalismo, a imprensa se dedicava a incensar o ministro e sua “vitoriosa política econômica”, a nomenclatura que governa o país informava que, apenas até julho, a dívida do setor público engordou R$ 105,41 bilhões – equivalente a cerca de três vezes o orçamento destinado – mas não liberado – à Saúde este ano.
A coincidência entre os dois fatos explica melhor do que mil discursos os beneficiários dos sucesso da política econômica. Por isso, quando assevera o acerto do paloccismo mesmo numa fase pós-Palocci, a mídia não comete um erro de análise, mas incorre em grave imprecisão gramatical, ao omitir o complemento: certo para quem, cara pálida?
Mito atualizado
Mesmo sem se deixar aprisionar pelos condicionamentos do “politicamente correto”, redatores de notícias do campo governista deveriam manter atenção redobrada para evitar mal-entendidos. Braço sindical do governo Lula, a CUT, achou por recomendar, em seu site, a peça em cartaz no Museu da República Museu da República, no Rio: O Tesouro de Ali-Babá, escrito e dirigido por Antero de Sales. Além do tema, digamos contemporâneo, trata-se de um musical infantil, indicado para criança a partir de dois anos. Ou seja, pelo menos neste caso, não será preciso tirar as crianças da sala.
Pleno emprego
Começa nesta quarta-feira uma série de oito audiências públicas no Senado Federal, promovida pela Frente Parlamentar pelo Pleno Emprego, sobre uma nova política econômica para o Brasil. Esta audiência inicial tratará da proposta de déficit nominal zero, do deputado Delfim Netto, e sua relação com o mercado de trabalho. O ponto de vista de Delfim – que, convidado, não pode comparecer – próximo dele será defendido pelo economista Fábio Giambiagi. Serão também expositores o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa e o ex-ministro da Previdência Raphael de Almeida Magalhães. O moderador será o assessor da Frente, economista José Carlos de Assis, integrante do Conselho Editorial do MM. A Frente de mais de 40 senadores e 80 deputados é presidida pelo senador Marcelo Crivella (PL-RJ) e tem como vice-presidente o deputado Sérgio Miranda (PCdoB-MG).
Casa nova
Restaurado, o antigo prédio da Casa da Moeda, no Centro do Rio, passa a abrigar o Arquivo Nacional. O prédio também oferecerá espaço para diversas atividades, integrando o corredor cultural do Rio de Janeiro. A obra foi executada com apoio da Acan, associação que dá suporte ao Arquivo Nacional, na gestão presidida pelo general Rubens Bayma Denys, ex-ministro dos Transportes. A entidade passará a ser presidida pelo consultor de Comunicação Licio Araújo, junto com o ex-reitor da Unirio Hans Jürgen Fernando Dohmann e o professor Geraldo Halfed, da Academia de Medicina Militar.
“Autênticos”
Os senadores Mão Santa (PI), Ramez Tebet (MS), Pedro Simon (RS), Garibaldi Alves Filho (RN), Sérgio Cabral (RJ), Almeida Lima (SE) e Íris de Araújo (GO, mulher de Íris Rezende) criaram o grupo “autêntico” no PMDB, que fará “oposição equilibrada e responsável ao governo federal”. Amir Lando (RO), ex-ministro de Lula, é o oitavo integrante do grupo. Na década de 70, no então MDB, os “autênticos” lançaram a anticandidatura do deputado Ulysses Guimarães, da ala moderada da legenda, à presidência da República, contra o general Ernesto Geisel, na eleição indireta.