Conversamos com João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, sobre o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) Empresário.
Como funciona o FIDC Empresário?
O FIDC Empresário é, na verdade, uma jogada de marketing, pois o nosso objetivo é mostrar que qualquer empresa pode montar a operação de crédito que quiser através de um FIDC. Na Ouro Preto, nós temos FIDCs que se destinam, especificamente, a financiar fornecedores ou a dar crédito direto ao consumidor (uma financeira empresta os recursos, e o FIDC compra os créditos), só que uma empresa pode fazer todas essas operações através de um único FIDC.
Com um FIDC, a empresa pode montar uma estrutura financeira para dar crédito aos seus funcionários; resolver problemas de capital de giro dos seus fornecedores; financiar fornecedores e compradores; antecipar as vendas que foram feitas com cartão de crédito e aumentar o crédito de um distribuidor pegando os seus recebíveis como garantia para que ele possa vender mais. São diversas operações que podem ser feitas dentro de um FIDC que antes ficavam restritas a um banco.
Um ponto importante é que para montar esse tipo de estrutura, a empresa precisa movimentar muito dinheiro, pelo menos R$ 300 milhões.
No meio do caminho, a empresa pode mudar as finalidades do FIDC?
A empresa pode mudar sem nenhum entrave burocrático. Isso porque o FIDC é uma estrutura muito simples e enxuta. Por exemplo, recentemente eu falei com uma empresa que aluga equipamentos por 60 meses e que quer fazer um FIDC para atender a sua necessidade de capital de giro, já que ela possui milhões para receber. Dessa conversa, vai sair um FIDC de até R$ 300 milhões. Se essa empresa, posteriormente, quiser fazer outra operação no FIDC, como financiar o seu cliente que quer comprar o seu equipamento, e não alugá-lo, ela pode fazer isso. Da mesma forma, se ela quiser financiar os seus fornecedores de equipamentos através da antecipação de faturas, ela pode fazer isso através do mesmo FIDC.
A empresa pode colocar dinheiro no seu FIDC?
Ela pode colocar dinheiro, mas o ideal é captar no mercado. Às vezes, a empresa tem que colocar dinheiro para criar um colchão de inadimplência, a chamada subordinação de FIDC.
Se a empresa tiver muito caixa, pode acontecer de ela querer fazer as operações com o seu dinheiro, mas o normal é ela captar, pois se a empresa tem muito dinheiro em caixa, ou ela vai investir ou vai distribuir dividendos.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?
A nossa jogada de chamar o FIDC de FIDC Empresário é para mostrar às empresas que elas podem fazer várias operações através de um único FIDC. Por exemplo, uma montadora pode fazer um FIDC, pois pode chegar a conclusão de que poderia aumentar suas vendas se tivesse um instrumento financeiro para financiar as pessoas que estão interessadas em comprar seus veículos. Um banco pode fazer isso, mas não do jeito que ela quer, pois o interessado tem que ser cliente do banco e ter histórico, podendo ainda ser recusado. Assim, a montadora pode topar correr um pouco mais de risco para fazer a máquina girar.
Um FIDC pode ajudar, por exemplo, a aumentar as vendas ou a garantir que os fornecedores continuem fornecendo. Antigamente, para fazer esse tipo de operação, a empresa precisava montar um banco mesmo sem entender disso. Com um FIDC, a empresa não tem essa preocupação, pois da mesma forma que um FIDC pode ser aberto rapidamente, ele pode ser fechado rapidamente. No caso de um banco, você demora 2, 3 anos para montá-lo e um tempão para fechá-lo. É óbvio que não é tão fácil como estou falando, mas ficou muito mais fácil.
