A Finlândia foi reconhecida, pelo oitavo ano consecutivo, como o país mais feliz do mundo. Mas qual é o segredo dessa felicidade? A resposta está na confiança, transparência, igualdade e conexão com a natureza. No entanto, a felicidade finlandesa não é apenas individual, mas um projeto coletivo que reflete um modelo de governança eficiente e bem-estar social.
A Finlândia é um dos países mais transparentes do mundo, com baixos índices de corrupção e forte confiança nas instituições. O sistema educacional de excelência, a igualdade de oportunidades e o equilíbrio entre vida e trabalho são pilares desse sucesso. Além disso, a sustentabilidade é uma prioridade: o país busca ser a primeira sociedade de bem-estar neutra em carbono até 2035.
Valores como humildade, integridade e a importância da palavra dada são fundamentais na cultura finlandesa. O contrato verbal muitas vezes tem tanto peso quanto um documento assinado, refletindo a confiança mútua entre as pessoas e as instituições. A pouca hierarquia nas organizações também é um fator marcante, promovendo ambientes de trabalho mais colaborativos e eficientes.
Estudos mostram que a felicidade no trabalho traz inúmeras vantagens para as organizações, como maior criatividade, produtividade, lucratividade e menor rotatividade de empregados. Essa solidez social cria um ambiente onde a felicidade pode florescer de maneira autêntica.
Um conceito central na cultura finlandesa é o sisu – a resiliência para enfrentar desafios com determinação e coragem. Curiosamente, essa mesma força está presente no Brasil, embora de forma diferente. Se na Finlândia o sisu se manifesta na perseverança diante das dificuldades, no Brasil ele aparece na capacidade de se reinventar com otimismo, criatividade e calor humano. Ambos os países demonstram que a resiliência é um caminho para a felicidade.
A felicidade brasileira, por sua vez, tem um caráter vibrante e social. O Brasil valoriza o bom humor, as relações interpessoais e a celebração da vida, mesmo diante das adversidades. O Carnaval, por exemplo, é um símbolo dessa alegria coletiva, onde diferentes culturas se encontram para celebrar a vida em sua plenitude. A conexão humana e o espírito comunitário são essenciais para a forma como os brasileiros encontram alegria no dia a dia.
Culturas diversas enriquecem a vida e ampliam nossa compreensão sobre o que significa ser feliz. A Finlândia e o Brasil, apesar de suas diferenças, se complementam em muitos aspectos. A racionalidade e estrutura finlandesa encontram equilíbrio na espontaneidade e energia brasileira, demonstrando que existem múltiplos caminhos para a felicidade.
No final, aprendemos com os dois países que a felicidade se baseia em valores que podem ser cultivados individualmente, mas também depende de ações coletivas. Cada um de nós pode adotar pequenas atitudes diárias para promover bem-estar, enquanto governos e instituições têm o poder de criar políticas públicas que incentivem sociedades mais justas e equilibradas. Empresas e organizações também desempenham um papel fundamental, investindo em ambientes de trabalho saudáveis e inclusivos.
A felicidade é uma construção social e depende de cada um de nós. Vamos juntos construir um futuro onde a felicidade seja uma prioridade para indivíduos, governos e empresas?
Heidi Virta, diretora sênior e head da Business Finland na América Latina, é autora do livro How to Be Happier and Worry Less?; é finlandesa e vive no Brasil há 5 anos.