O jogo não é para amadores

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Na série iniciada há duas colunas sobre as estreitas relações entre o Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos e o Ministério Público brasileiro, tanto Kenneth A. Blanco, ex-poderoso chefe da Divisão Criminal do DoJ, quanto o ex-PGR Rodrigo Janot admitem a troca de informações de modo extraoficial, informal. Justificam que os crimes, em um mundo globalizado financeiramente, atingem a mais de um país, e a agilidade é fundamental para as investigações. É nos detalhes, sabe-se, que mora o tinhoso. Detalhes como: que informações são trocadas? Por quem? E, se não há formalidades, como prefere Blanco, e podem ser trocadas até por WhatsApp, como se referiu Janot, que tipo de controle há sobre elas? Talvez a pergunta mais importante: a que agenda essa troca informal atende?

O pagamento de US$ 3 bilhões pela Petrobras a acionistas nos EUA mostra que o jogo não é para amadores. Além de nossa principal empresa, estavam no tabuleiro a Odebrecht – “uma das maiores construtoras do mundo”, segundo Blanco. Em outra investigação citada pelo procurador norte-americano, estava a Embraer. Assim, talvez as duas principais empresas brasileiras em termos de desenvolvimento de tecnologia – Petrobras e Embraer – estiveram sob mira do DoJ. Agora, a companhia de aviação está na mira da Boeing. O prêmio, um mercado que demandará 6,4 mil aeronaves regionais nos próximos 20 anos. A brasileira tem uma fatia de 58% desse bolo; na China, espera ficar com 80%. Além disso, é uma companhia estratégica na área de Defesa nacional.

A Odebrecht tem obras espalhadas por toda a América Latina. O DoJ divulgou que em dez países, além do Brasil, teria sido paga propina. As investigações, porém, só avançam nas nações que têm, ou tinham na época dos supostos pagamentos ilegais, governos de esquerda ou progressistas.

 

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Quem é quem – 1

Na Divisão Criminal do DoJ comandada até o final do ano passado por Kenneth Blanco, a unidade específica que cuidava da Operação Lava Jato era a Seção de Fraudes. À frente dela, de novembro de 2014 a junho de 2017, esteve Andrew Weissmann, até ser transferido para a força-tarefa liderada pelo procurador Robert Mueller que investiga a inverossímil interferência russa para garantir a eleição de Donald Trump. Muitos norte-americanos se referem à ação de Mueller como a “car wash” local.

 

Quem é quem – 2

O seminário Lessons From Brazil: Crisis, Corruption and Global Cooperation, no qual Blanco e Janot revelaram tanta informalidade, foi realizado pelo Atlantic Council e pelo Diálogo Interamericano (Inter-American Dialogue). Este, um velho conhecido, se define como “um centro de análise que envolve uma rede de líderes globais para promover a governança democrática, a prosperidade e a equidade social na América Latina e no Caribe. Trabalhamos juntos para moldar o debate político, formar soluções e melhorar a cooperacão no Hemisfério Ocidental.”

Nossa vantagem mais valiosa é nossa rede prestigiosa de mais de 100 cidadãos ilustres dos Estados Unidos, Canadá e 21 países da América Latina e do Caribe”, avança o think tank. Entre eles, figura no quadro de diretores Fernando Henrique Cardoso.

 

Calote

Os detentores de títulos da reforma agrária do Peru acusam o governo de não pagar seus débitos e omitir a inadimplência nos relatos às organizações internacionais. Agora que o país tenta entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os credores enviaram à denúncia à entidade.

O jornal El Comercio noticia que a primeira-ministra peruana Mercédes Aráoz teria enviado uma resposta à OCDE em 5 de dezembro, mas o teor não foi divulgado.

 

Rápidas

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