Conversamos sobre o momento do mercado de crédito para PMEs (pequenas e médias empresas) com João Paulo Fiuza, CEO da One7, empresa especializada na antecipação de recebíveis através de fundos de investimentos em direitos creditórios e securitizadoras.
A One7 trabalha com PMEs que faturam de R$ 6 milhões a R$ 100 milhões anualmente.
Como está o momento do mercado de crédito empresarial para PMEs?
Nos últimos 18 meses, o cenário macro gerado pela inflação pós-pandemia e pela curva de juros, que saiu de 2% para quase 14% ao ano (a.a.), impactou muito a concessão de crédito, já que a inadimplência acabou aumentando, praticamente, em todos os setores. As PMEs não escaparam disso.
Isso fez com que a concessão de crédito ficasse mais rígida e que muitas linhas disponíveis para PMEs fossem desconectadas, principalmente por bancos médios, o que gerou, automaticamente, um pouco mais de problemas para eles mesmos, pois se cortou de forma abrupta linhas que as empresas contavam para aumentar suas produções e suas vendas, o que gerava uma alavancagem financeira sadia.
Esse período foi mais duro para as PMEs do que a própria pandemia. A inadimplência desse período foi mais severa, pois não foi pontual. Por exemplo, todo mundo entrou em pânico nos primeiros 90 dias da pandemia, mas logo o mercado se estabilizou, pois ela não era uma crise de crédito, mas sim uma crise sanitária que impactou, num primeiro momento, o crédito.
Como a inflação estava estabilizada, e a curva de juros, baixa, as empresas conseguiram se adaptar de uma forma mais rápida do que era imaginado no início, quando parecia que o mundo ia acabar. Depois disso, a inadimplência se tornou crônica, pois a inflação foi para as alturas.
O momento atual ainda não está estabilizado, mas a expectativa é positiva, principalmente porque os grandes núcleos da inflação foram controlados. Como o pior momento já passou, o acesso ao crédito deve voltar com uma volumetria maior, mas com um efeito monetário pouco relevante para as PMEs, ou seja, elas não vão sentir uma mudança drástica no seu acesso ao crédito, com as taxas diminuindo demais.
Como as empresas devem trabalhar suas necessidades de crédito em função do início do ciclo de queda da Selic?
O ponto principal é que as empresas devem procurar novos players do mercado financeiro, principalmente os que trazem soluções que melhoram o acesso ao crédito. Estruturalmente, essas empresas têm que se preparar para se mostrarem, independente do seu tamanho ou do seu faturamento, aos players financeiros com os quais já trabalham ou que possam atuar, pois quem dá crédito quer segurança e informação.
Como operamos com mais de 10 mil clientes nos últimos 3 anos, nós vimos de tudo. A One7 tem clientes que, mesmo sendo uma PME, se apresentam como grandes, pois estão organizados.
Essas empresas, que se preocupam com os mínimos detalhes, se preocupam com o macro, o que faz com que seja preferível dar crédito a elas, mesmo sendo menores, pois se tem certeza de que o empresário está muito mais comprometido com o negócio, do que a uma empresa que fatura mais, mas que está sendo tocada de qualquer jeito e que vai oferecer um risco de crédito maior, o que vai impactar numa linha menor ou mais cara.
Uma PME organizada não pode se esquecer de que vai estar, muitas vezes, numa esteira que vai precificá-la igual às demais empresas, independente dos juros subirem ou baixarem. Essa assimetria só será diminuída com mais informação e com mais preparo.
Como as reduções da Selic devem chegar às linhas de crédito para PMEs?
O cenário melhorou, mas as reduções da Selic não vão chegar ao crédito de forma relevante no curtíssimo prazo. Isso vai acontecer no médio e longo prazo. No curto prazo, as PMEs terão mais acesso ao crédito, independente da Selic, se elas se prepararem melhor.
Por exemplo, a taxa de desconto de recebíveis de uma PME pode variar de acordo com o risco que ela oferece. Quanto mais entendemos que uma empresa oferece menos risco, menor sua taxa.
Como somos uma empresa financeira, eu não posso oferecer risco ao meu investidor. Com a Selic alta ou baixa, o custo do crédito é alto para todo mundo. Nós também pagamos caro pelo dinheiro. O dinheiro só fica barato se for subsidiado pelo governo, mas isso é pouco provável, até mesmo porque ele não tem recursos para dar.
Existem linhas subsidiadas, mas não acredito que seja isso que mude o cenário no longo prazo. Na pandemia, linhas de curto prazo ajudaram os empreendedores, mas isso foi feito de forma pontual para estancar um problema.
Como a Selic está caindo, existe a perspectiva de que as taxas melhorem, mas a velocidade com que isso deve acontecer para as PMEs não é tão relevante.
Matéria atualizada às 18h07 de 17/8/2023 para melhor esclarecimento das taxas de uma PME
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