O olho dos EUA na África

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Exército dos EUA na África (foto Wikipedia CC)
Exército dos EUA na África (foto Wikipedia CC)

Disputa com Rússia e China reativou interesse norte-americano

 

Com o fim da Guerra Fria, a África apareceu como um “problema”, alheio aos objetivos dos Estados Unidos. A agenda de Washington parecia focada na Europa, na América Latina e no Oriente Médio. Mas, após o ataque às Torres Gêmeas, o desligamento americano da África sofreu uma forte desaceleração. Desde 2007, sob a presidência de George W. Bush, foi instituído o Africom, comando para a África das Forças Armadas americanas.

Uma novidade que manifestou, de forma cristalina, o interesse estratégico dos Estados Unidos pelo continente, a ponto de o Pentágono estabelecer um comando único para todas as operações na África, quando antes fazia parte de três comandos geográficos distintos, todos voltados para outras frentes.

A construção de um comando para a África ocorreu em paralelo com um aumento progressivo do engajamento militar de Washington no continente, surgindo, em primeiro lugar, devido à guerra ao terrorismo de origem islâmica, que representa a plataforma mais importante para realizar (ainda hoje) as principais operações bélicas no continente.

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Do Chifre da África às várias missões, mais ou menos secretas, no Sahel e em algumas áreas da África equatorial, os Estados Unidos, mesmo em momentos recentes de maior distanciamento dos destinos africanos, nunca abandonaram o continente.

O engajamento dos Estados Unidos na África teve, então, uma nova aceleração (e, também, uma mudança substancial em sua percepção e objetivos de longo prazo) com a inclusão do continente no grande desafio com a China e a Rússia. As duas superpotências “orientais”, de fato, construíram uma forte estratégia de penetração em toda a região nos últimos anos. Por meio da exploração de seus meios econômicos e tecnológicos, Moscou, acima de tudo, estaria vinculando as antigas relações da era soviética à nova geração de matérias-primas, armas e mercenários.

A resposta americana, em particular confirmada sob a nova administração Biden, foi a de um novo aumento do interesse pela África. Um interesse que, conforme redigido pelo embaixador Charles R. Stith, para o CEA (Conselho de Embaixadores Americanos), não é apenas militar e político, mas também econômico.

Charles R. Stith, membro do Conselho de Relações Exteriores e do CEA, é empresário, diplomata, escritor e político americano. Atualmente, ele é o presidente do The Pula Group, LLC, que investe em oportunidades de alto valor na África. Além disso, é o presidente não executivo do Centro de Liderança Presidencial Africano, uma ONG, com sede em Joanesburgo, focada no desenvolvimento de liderança e monitoramento de tendências econômicas e políticas na África.

De fato, muitos em Washington estão começando a acreditar que a África não seja, apenas, um conjunto de problemas intransponíveis, em que a América é obrigada a intervir como uma potência “benéfica”, mas um mercado potencialmente enorme que deve ser excluído da ambição de outras potências capazes de satisfazer as demandas africanas.

 

Edoardo Pacelli é jornalista, ex-diretor de pesquisa do CNR (Itália), editor da revista Italiamiga e vice-presidente do Ideus.

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