O olho no caixa também engorda o gado?

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Cypriano Camargo (foto divulgação CCC Monitoramento)
Cypriano Camargo (foto divulgação CCC Monitoramento)

Vários dos novos ‘donos do gado’ não tiveram ainda a vivência num cenário inflacionário

 

Até pouco tempo atrás, nas rodas de conversa, a máxima “o olho do dono é que engorda o gado” era dada como certeira para todas as situações cujo objetivo era potencializar ganhos. Sem dúvida, muitos negócios nasceram e prosperaram por um tempo tendo esse ditado como lema. Contudo, não tenho qualquer receio em afirmar que, a maior parte deles, quando adquiriram um certo tamanho e maturidade, também minguaram pautado nele.

A partir de um determinado momento, pensar que é unicamente “o olho do dono que engorda o gado” é ultrapassado, obsoleto e quase arcaico. Quando um negócio atinge uma determinada escala, a capacidade de estruturar e preparar um time, confiar nele e delegar a execução das tarefas, passa a ser relevante na continuidade de um negócio.

Porém, esse pensamento, além de exigir desprendimento e maturidade por parte do empreendedor, também exige um grau avançado de monitoramento e controle da gestão financeira do negócio. Afinal, como deixar de olhar “com olhos de dono” para o caixa da empresa? Mas aqui, sejamos diretos, é preciso honestidade.

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É sabido que vários negócios nascem de pessoas que empreendem em áreas que conhecem, têm experiência e formação: um escritório de arquitetura, uma startup (tecnológica ou não), uma construtora, uma fábrica de móveis planejados, uma empresa de logística, uma academia de ginástica, uma clínica de estética ou uma doceira. Esses negócios começam, e não poderia ser diferente, cheios de ideias inovadoras, novos métodos de execução, agilidade nos processos e novas tecnologias (disruptivas ou não).

Naturalmente, neste momento a energia dos novos donos e seus olhos estão mais focados no produto e na qualidade do serviço. É recorrente que a estratégia e a gestão financeira fiquem num segundo plano ou para um segundo momento.

Gosto de chamar o “segundo momento” de momento oportuno e, para mim, quando se trata de gestão financeira, o oportuno é o agora. Uma empresa, independente do porte, deve zelar pelo seu caixa. Quem assina o cheque, autoriza a TED ou o Pix nos dias atuais, não deveria ter dúvidas de que tudo, no que tange às finanças, está sendo feito de forma correta e eficiente o tempo todo, todos os dias, em toda e qualquer movimentação.

Mas isso não significa que ele, “o dono”, deva gerenciar a área. Significa que ele precisa certificar-se de que existem métodos, controles e pessoas para que possa delegar a execução.

É evidente que é muito mais fácil gerenciar uma operação menor do que uma como a da PDG Realty – um processo de recuperação judicial que monitoramos como watchdog a partir de 2017, com um passivo de R$ 5,3 bilhões, 22 mil credores e uma média de 30 mil transações bancárias por mês de aproximadamente 800 empresas. Mas mesmo sua empresa estando em um patamar menos complexo, nem por isso, repito, você, como “dono do gado”, deve obrigatoriamente assumir as rédeas da gestão financeira – a menos que seja especialista, é claro!

A razão para isso é uma só: o caixa deve receber atenção especial para que a companhia possa crescer ou se manter de forma sustentável. É sabido de todos que não dá para o dono ficar com os olhos gado a gado. Está aí a importância de, além de contar com um time preparado, poder lançar mão de ferramentas de controle disponíveis no mercado para que as contas sigam em dia e a empresa nos trilhos.

Uma alternativa é recorrer a uma equipe com know-how para monitorar em riqueza de detalhes toda a sua movimentação financeira. Isso pode determinar o futuro da sua empresa, e não, não me refiro a ter dezenas de pessoas acompanhando as movimentações na ponta do lápis! Isso inviabilizaria o trabalho do ponto de vista de investimento.

Estou falando de tecnologia para automação dos processos e troca de informações, capaz de manipular grandes volumes de dados, analisar as informações necessárias e oferecer relatórios regulares e assertivos de monitoramento que possam facilitar a gestão do negócio.

Independentemente do setor ou segmento de atuação, o fato é que o caixa é o pulmão de qualquer empresa. É ele que “capta” os recursos disponíveis no mercado (“oxigênio”) e necessários para que as outras áreas da empresa possam estar oxigenadas, permitindo que cresçam, se recuperem de “lesões” ou apenas mantenham o funcionamento normal. Por isso, é importante cuidar para que o oxigênio continue circulando de maneira adequada, ou seja, controlar tanto o que está entrando (as receitas) como o que está saindo (as despesas) de uma empresa.

Para finalizar, estamos entrando em um período no qual vários dos novos “donos do gado”, gestores e executivos financeiros não tiveram ainda a vivência num cenário inflacionário. Se nos últimos 30 anos, com um cenário de inflação baixa, o driver principal para o crescimento dos negócios era o crescimento das receitas, que compensavam os eventuais aumentos de custos, atualmente, num cenário recessivo com custos de matérias-primas e financeiros subindo, o crescimento e, principalmente, a sobrevivência dos negócios estarão diretamente atrelados à manutenção ou melhora das margens operacionais. Daí mais um motivo para se estar com “o olho no caixa”.

Manutenção ou melhora de margens significa, agora, controle de custos gerenciáveis, que significa controle de gastos, que por sua vez significa mais controle de caixa. Mais do que nunca, a máxima se aplica: Cash is King,ou melhor, Caixa é Rei.

 

Cypriano Camargo é sócio-fundador e diretor da CCC Monitoramento Ltda.

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