Os números da fome no Brasil são um retrato do desafio humanitário e social que ainda enfrentamos, mesmo com avanços recentes. De acordo com o relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo, da ONU, a insegurança alimentar severa no Brasil caiu nos últimos anos. No entanto, a realidade de um país que produz 160 milhões de toneladas de alimentos anualmente, mas desperdiça cerca de 55 milhões de toneladas, mostra que ainda há muito a ser feito para assegurar que todas e todos tenham acesso à alimentação básica.
Nesse contexto, as empresas têm um papel fundamental. Embora naturalmente orientadas para a sustentabilidade financeira, também reconhecemos nossa responsabilidade social e o impacto que nossas ações têm nas comunidades em que atuamos. Por isso, recentemente assinamos o Pacto Contra a Fome, reafirmando nosso compromisso com a erradicação da fome no Brasil.
O Pacto é uma coalizão suprapartidária e multissetorial que nos impressionou por sua abordagem estruturada e capacidade de atuar rapidamente em prol desse direito básico e inegociável. Sua proposta vai ao encontro de um desafio que conhecemos bem: há mais de 30 anos, atuamos em regiões como o Norte e o Nordeste, que concentram mais da metade dos lares em situação de fome no Brasil. A frase que orienta o Pacto – “Com fome não dá” – reflete uma realidade que vivenciamos de perto. Garantir a alimentação básica é um passo fundamental para que as pessoas possam aprender, produzir e prosperar, contribuindo para o desenvolvimento de suas comunidades. Com fome, nada disso é possível. Não há condições. Não dá!
Diante dessa experiência, entendo que a aproximação entre o setor público e o privado é indispensável para superar desafios como a fome. O Poder Público, por si só, carece da capilaridade e da agilidade necessárias para executar soluções abrangentes e rápidas. Por outro lado, as empresas, com sua presença direta nas comunidades, possuem o dinamismo e os recursos para implementar ações de maneira eficaz. Essa sinergia é essencial para conectar políticas públicas a ações práticas e gerar impactos reais.
Enfim, acreditamos que o combate à fome é uma responsabilidade coletiva. Em um país reconhecido como celeiro do mundo, é inadmissível que milhões de pessoas ainda convivam com a insegurança alimentar. Superar essa realidade exige a mobilização de todos os setores da sociedade, transformando indignação em ação. A solução passa pela união de esforços, pelo compartilhamento de conhecimento e pelo compromisso de fazer a diferença.
Afinal, quando empresas, governo e sociedade civil se unem, os resultados são mais rápidos, abrangentes e transformadores. Que o Brasil, com sua capacidade de produzir para alimentar o mundo, seja também um exemplo de inclusão e justiça social. Como diz o lema do Pacto Contra a Fome: “Com fome não dá”.
Silvia Nascimento, CEO da Aço Verde do Brasil (AVB)
