O rigor da arte de Teresa Asmar

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Cristo Urca, de Teresa Asmar (foto divulgação)
Cristo Urca, de Teresa Asmar (foto divulgação)

A artista plástica Teresa Asmar está trabalhando sem parar, mesmo na pandemia, em seu charmoso ateliê, na Urca, onde, de frente para o mar e observando a beleza de todo o cenário que a envolve, nele incluindo o Corcovado, busca inspiração para finalizar seus quadros, para, brevemente, expô-los em uma individual.

A cor utilizada na obra de Asmar é sempre dosada pelos ritmos da sua própria vida e, assim, ela consegue, com raro talento e beleza plástica, passar para as telas suas emoções mais secretas, além de sempre se exercitar na figuração, trabalho que realiza de forma elaborada e persuasiva. Na sua vertente abstrata, belíssima por sinal, a pintora joga com os entitamentos fortes, à maneira dos expressionistas, numa linguagem que equilibra as qualidades de colorista com as de criadora eminentemente gestual.

A dedicação de Asmar pelas artes plásticas chega ser comovente, uma vez que a artista busca pintar e pintar sempre com generosidade e espírito de entrega à sua criatividade, tentando passar para as telas o que só a pintura traduz. Na realidade, com o passar dos anos, Asmar vem descobrindo novas formas de linguagem, por meio das suas pinceladas.

E acompanhando sua trajetória artística, encontra-se uma grande variedade de imagens, que vão do abstrato ao figurativo e às figuras, sempre transmitidas com muita força, garra e muita personalidade. Sua obra, sedutora e mágica, ganha valor pelo traço firme que imprime e, ao mesmo tempo, pela extrema delicadeza do seu traçado pictórico. Dessa forma, Asmar reúne conteúdo e forma, com rigor e estética, conduzindo sua arte de forma correta, certeira, inovadora e adequada.

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De acordo com o crítico Jacob Klintowitz, a natureza humana tem algumas constantes na obra de Asmar, coisas que se repetem em todos os seres e esses elementos permanentes são a cor, a forma, a expressão e a arte. O elemento comum a todos os homens é a arte e a busca de identificação desse ponto convergente explica o interesse da artista pela representação visual pré-histórica, a sua fascinação pelas cavernas e pela arte grotesca.

Artista múltipla, Asmar trabalha um realismo fantástico, já que sua obra se afasta da lógica aristotélica e formalmente cria uma lógica a partir de associações visuais. A sua pintura afasta-se das considerações de tempo – espaço e volta-se inteiramente para a busca de significados simbólicos e o critério para a sua escolha e a aceitação é o da sua intuição. Asmar, ainda segundo Klintowitz, constrói uma arte marcada pela individualidade e orientada por certezas intuídas.

Para Asmar, a arte em sua concepção é uma expressão dos sentidos e emoções, tornando-se em uma total abstração. Asmar pinta o seu próprio sentimento, o que significa, na verdade, que a sua pintura é uma apresentação de si mesmo.

Maria Teresa Francisca Asmar Couto é carioca, formou-se em Direito e tornou-se artista plástica, pois a pintura sempre esteve presente em sua vida desde pequena. Os desenhos que fazia e as cores que usava sempre chamaram a atenção de seus pais e dos professores do colégio.

Decidida a viver da sua arte, Asmar largou a advocacia e passou a se dedicar exclusivamente à pintura. E dessa escolha ela não se arrepende. Afinal, a artista reúne em seu portfólio várias premiações nacionais e internacionais, ressaltando o Prêmio de Viagem a Paris. No exterior, sua obra percorreu, e continua a percorrer, museus, ateliês, galerias de arte, tendo, inclusive, participado da Feira Internacional de Arte Contemporânea, no Grand Palais, na capital francesa, onde passou algum tempo estudando e se aperfeiçoando.

Asmar estudou na Oficina de Artes Visuais Sandro Donatello Teixeira e fez cursos de História da Arte, de Arte Grega e Barroco Europeu, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, assim como, sempre dedicada à pesquisa plástica, foi igualmente aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na qual fez cursos de pintura, desenho, têmpera, história da arte, técnicas de gravura, como serigrafia, litografia, metal, xilografia e monotipia.

Da primeira exposição coletiva, em 1985, justamente na oficina de Sandro Donatello, no Rio de Janeiro, com quem estudou, aos dias atuais, Asmar percorreu o Brasil, apresentando seus trabalhos, sempre com uma boa acolhida por parte da crítica especializada. Sempre atenta ao mundo, resolveu viajar à Europa e lá exibir, em 2015, 2017 e em 2019, seus trabalhos na Ava Galleria, em Helsinki, na Finlândia; participar da Biennal of European and Latin American Contemporary Art e na Ava galleria, no Carrousel Du Louvre, na Paris Art Fair, cujo trabalho foi escolhido para ser a capa da Magazine Contemporary.

Premiada em salões, nas categorias de desenho, pintura e gravura, Asmar que também vem sendo convidada para integrar júris, tem obras expostas em acervos importantes, como os da Galeria Villa Riso, Museu Nacional de Belas Artes, Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e Casa França Brasil.

Asmar é autora da obra-prima intitulada Mural ecológico – homenagem a Chico Mendes, sobre o mundialmente conhecido ecologista da Floresta Amazônica, catalogado e publicado na Agenda Cultural da Organização das Nações Unidas, em Nova York.

A criação de uma obra de arte por um consciente artista plástico e visual deve seguir as regras de ser criteriosa, com boa qualidade e um verdadeiro sentido no convite visual à interlocução criativa em sua cultura e seu tempo. E é essa justamente a arte que Teresa Asmar persegue e apresenta em seus trabalhos que despertam a atenção de todos os que têm a oportunidade de conhecê-los.

 

Paulo Alonso, jornalista, é reitor da Universidade Santa Úrsula.

2 COMENTÁRIOS

  1. Artista medíocre.
    Prêmio de viagem a Paris foi uma tela totalmente concluída pelo então professor de arte que a expulsou do atelier. Isso é de conhecimento de muitas pessoas que viveram e conviveram com essa senhora na década de 80.

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