O sucesso dos ativistas

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Como e por quê o Vale do Silício é responsável por uma nova página na história do progresso mundial? Por que as grandes empresas multinacionais valorizam crescentemente os seus recursos humanos? Por que o sistema financeiro é cada vez mais determinante no destino da produção? Como é possível conquistar o domínio do conhecimento, do saber fazer bem-feito, de criar riquezas compartilhadas atendendo a uma população sequiosa por uma maior oferta de produtos e serviços? Três ingredientes são fundamentais para a materialização destes objetivos: conhecimento, vocação inovadora e estrutura democrática de gestão. Sony, Fedex, Procter & Gamble, Disney …….são exemplos vivos de sucesso em nossa memória.
Porém, esta receita não é patente estrangeira! Guardadas as devidas proporções do gigantismo do mercado norte-americano, como explicar o inusitado sucesso do Grupo Gerdau, edificado a partir de um apático mercado de capitais nacional? Que benefícios são resultantes da migração do Grupo Garantia para atividades no lado real da economia? Capacidade inovadora e conhecimento são a resposta. Estaremos melhor preparados para atuar neste crescentemente competitivo mundo de negócios cada vez mais sem barreiras, se nossos investimentos em educação forem perseguidos como ferramental estratégico de desenvolvimento. A tendência configura a consolidação de uma estrutura empresarial de gestão cada vez mais democrática e fomentadora de oportunidades. É incontestável que a qualidade faz a diferença para que se efetive crescimento com lucratividade, da mesma forma que gestão competente não é mais possível ser exercida por qualidade rarefeita de seu quadro funcional.
No contexto de transformações inimagináveis há 30 ou 40 anos, algumas das virtudes administrativas dos militantes revolucionários estão sendo incorporadas como catalisadores do fator conhecimento e fonte de inspiração para profissionais e empresas ganharem dinheiro, muito dinheiro. Assim, por que não intensificar sua utilização nas empresas como forma de materializar seu crescimento e criar riquezas ? Afinal, talento (conhecimento), inovação e paixão nas suas próprias crenças são os insumos básicos geradores de benefícios e sucesso para qualquer empresa.
Vale a pena contratar os melhores. O resultado é uma empresa em constante inquietação, sempre em busca de oportunidades, cheia de pessoas nunca acomodadas, sempre à busca de inovações. Em essência, este é o pensamento de Gary Hamel, no livro “Liderando a Revolução”, no qual as estratégias, técnicas e táticas para transformar idéias em projetos empresariais vitoriosos são expostas com muita clareza. Ao ler esta obra, é quase inevitável estabelecer analogia com a tese da mutação, que levou tantos profissionais com o intuito original de revolucionar as relações sociais, a revolucionarem os negócios como expoentes dirigentes de empresas. De fato, em toda empresa, o poder de decisão está na alta administração.
Porém, contribuições qualificadas para a adoção de uma estratégia competente e a vocação para inovar estão certamente adormecidas nos seus vários escalões inferiores. Abrir espaços para a liberdade, dar ouvidos, alimentar a diversidade e incentivar a pró-atividade dos funcionários talentosos e teimosos constituem a base de um inteligente processo de transformação positiva. Os executivos da alta administração estão bastante capturados pela “modernização” que os coloca “on-line” para o cumprimento das suas tarefas, exigindo prontas e estressadas respostas para os 40 e-mails diariamente recebidos, inúmeros faxes, telefonemas – inclusive no celular – e … reuniões. Além da falta de tempo para pensar, os membros da alta administração não raro se auto-contaminam, dada a preocupação comum de preservação do status quo, da mesmice do dia-a-dia e da “incapacidade” para canibalizar modelos de negócios ou produtos irremediavelmente moribundos. Assim, é determinante que seja fomentada na empresa a presença de ativistas que saibam, no limiar de uma nova era, como lutar por suas idéias, de forma que possam, sadiamente, cooptar membros da alta administração, visando dar continuidade aos seus projetos não-lineares.
Enfim, não há a figura do sábio mor, uma vez que o jogo deve ser por todos compartilhado. Entender esse processo é fundamental para o sucesso das organizações na economia contemporânea. Trata-se de saudável – e rentável – revolução.

Horacio de Mendonça Netto
Vice-presidente-executivo da Satipel Industrial, Diretor da Associação Brasileira de Florestas Renováveis (Abracave) e Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa).

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