Em 2021, o Brasil emitiu 2,4 bilhões de toneladas dos gases causadores do efeito estufa (GEE), segundo dados publicados em relatório entregue pelo Observatório do Clima, disponível pela internet.
Resíduos – Em 2021, a rubrica resíduos contribuiu com um acréscimo de 12,2%, em relação ao ano de 2020, nas emissões de gases causadores do aquecimento planetário (GEE). No agregado, dos últimos 20 anos, é o maior aumento ocorrido em um só ano de emissões de GEE, em qualquer rubrica. Este percentual só foi menor do que o de 2003, quando as emissões cresceram 20%.
Desflorestamento – Em 2021, o desflorestamento foi a principal causa de aumento de emissões de GEE. A Amazônia respondeu pela emissão de 1,19 bilhão de toneladas de carbono (CO2). Em 2021, foram emitidas nesta rubrica 435 milhões de toneladas de carbono, contra 387 milhões em 2020. Na rubrica agropecuária (“Agro é pop…”), a alta das emissões foi de 3,8%, chegando a 601 milhões de toneladas de emissões de CO2, contra 579 milhões de toneladas em 2020. É o maior incremento percentual, desde 2004 (aumento de 4,1%).
Em 2021, a rubrica resíduos registrou uma redução relativa das emissões pela primeira vez, tornando este grupo um dos principais responsáveis pelo resultado de 91,12 milhões de toneladas de CO2, uma queda de 0,12%, em relação a 2020. Este resultado está, em grande parte, relacionado ao aumento da queima e recuperação energética de metano (CH4) em aterros Sanitários.
Mudanças do uso do solo – Em 2021, a rubrica mudanças do uso do solo respondeu por 49% das emissões de GEE, contra 46%, em 2020. Seguem despretensiosos comentários sobre as demais rubricas.
Agropecuária (‘Agro é tech…’)
Pela ordem de grandeza das emissões de GEE da rubrica energia e do setor de processos industriais (com 22% do total de emissões de GEE), mais as emissões do grupo resíduos, (4%), e descontando-se as remoções de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas, o Brasil teve uma emissão de gases causadores do efeito estufa 17,2% maior e denota um aumento do desmatamento. O Brasil se mantém em posição elevada entre os maiores emissores de GEE do planeta, ocupando a sétima posição em emissão de GEE, com 3% do total mundial, atrás de China (25,2%), EUA (12%), Índia (7%), União Europeia (6,6%), Rússia (4,1%) e Indonésia (4%).
No entanto, como o desmatamento caiu na Indonésia nos últimos anos, e a série de dados globais só vai até 2019, é provável até que o Brasil seja na realidade o sexto maior emissor.
Emissões per capita
Confrontadas as emissões per capita do Brasil com as emissões per capita de GEE do resto do mundo, nota-se que o país segue emitindo mais do que a média mundial.
Em 2001, enquanto o mundo emite em média 6,2 toneladas de GEE por habitante, no Brasil, as emissões per capita, para o mesmo ano, atingiram de 11,1 toneladas. São dados para serem interpretados com muito cuidado, pois tendem a aliviar o peso relativo de países com superpopulações no dado médio (per capita), mas que não se verificam na realidade da aritmética mais elementar do valor absoluto.
A palavra do Inpes / Sistema Prodes
Reiterando as principais conclusões do relatório de autoria do Observatório do Clima, o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpes), registrou a maior taxa de desmate da Amazônia em 15 anos (13.038 km², contra 10.851 km², em 2020). A destruição dos biomas brasileiros ensejou a emissão de 1,19 bilhão de toneladas em 2021, contra 1 bilhão de toneladas em 2020.
Só que não foi apenas em uso da terra que as emissões de GEE cresceram. A rubrica energia teve a maior alta em suas emissões (12,2%). Em 2021, nessa rubrica, foram emitidas 435 milhões de toneladas de GEE, contra 387 milhões um ano antes.
A rubrica processos industriais e uso de produtos registrou elevação de 8,2% (ou 108 milhões de toneladas), e a de resíduos, uma discreta – e inédita – oscilação para baixo, de 0,1% (ou 91 milhões de toneladas de CO2).
A agropecuária (“Agro é tudo…”) também teve alta expressiva (3,8% ou 601 milhões de toneladas de CO2 emitidas), puxada principalmente pelo aumento do rebanho bovino.
Alemanha sem usina nuclear
Alemanha faz foco em seu compromisso de obter até 80% das suas necessidades de energia com origem em fontes renováveis, até 2030, desligar as suas três usinas remanescentes a geração de energia nuclear e zerar o uso de carvão até 80%.
No sábado, 15 de abril, o ciclo se fechou; a Alemanha desligou as três usinas atômicas.