Recuperação do mercado de trabalho perde força no mundo, segundo OIT

Taxa de participação na força de trabalho diminuiu, especialmente entre os jovens; déficit global de emprego sobe para 402 milhões

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Carteira de trabalho (Foto: Wilson Dias/ABr)
Carteira de trabalho (Foto: Wilson Dias/ABr)

Lançado ontem, o relatório sobre as “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2025” mostra que a economia global está desacelerando, o que dificulta a recuperação total dos mercados de trabalho.

O estudo global também identifica potencial para crescimento de empregos em energias verdes e tecnologias digitais. Em 2024, os empregos no setor de energias renováveis cresceram para 16,2 milhões em todo o mundo, impulsionados pelo investimento em energia solar e de hidrogênio.

O déficit mundial de empregos – o número estimado de pessoas que querem trabalhar, mas não têm emprego – atingiu 402 milhões em 2024. Isto inclui 186 milhões de pessoas desempregadas, outras 137 milhões que são principalmente trabalhadoras e trabalhadores desencorajados e 79 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar, mas têm obrigações, como cuidar de outras pessoas, que as impedem de ter acesso ao emprego.

A economia global está desacelerando, o que dificulta a recuperação total dos mercados de trabalho, de acordo com o relatório.

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Segundo o estudo, o emprego global permaneceu estável em 2024 e só cresceu graças ao aumento da população ativa, que manteve a taxa de desemprego em 5%. O desemprego juvenil melhorou e permaneceu em 12,6%. O trabalho informal e o número de trabalhadores e trabalhadoras pobres retornaram aos níveis pré-pandemia e os países de renda baixa foram os que tiveram mais dificuldade para criar empregos decentes.

O relatório destaca desafios como tensões geopolíticas, o aumento dos custos das mudanças climáticas e os problemas não resolvidos da dívida, que pressionam os mercados de trabalho.

Embora a inflação tenha diminuído, ela continua alta, reduzindo o valor dos salários, de acordo com o relatório. Os salários reais só aumentaram em algumas economias avançadas, e a maioria dos países ainda está se recuperando dos efeitos da pandemia e da inflação.

De acordo com o relatório, as taxas de participação na força de trabalho diminuíram em países de renda baixa e aumentaram em países de renda alta, especialmente entre trabalhadores mais velhos e as mulheres. No entanto, as disparidades de gênero continuam grandes, com menos mulheres na força de trabalho, o que limita o progresso no nível de vida. A participação entre homens jovens diminuiu drasticamente e muitos deles estão em situação de não trabalhar, não estudar e nem estar em treinamento.

Essa tendência é particularmente acentuada em países de renda baixa, onde as taxas de jovens em situação de não trabalhar, não estudar e nem estar em treinamento entre homens jovens aumentaram quase 4 pontos percentuais acima da média histórica pré-pandemia, tornando-os vulneráveis a desafios econômicos.

As taxas de jovens em situação de não trabalhar, não estudar e nem estar em treinamento em países de renda baixa aumentaram até 2024, com 15,8 milhões de homens jovens (20,4%) e 28,2 milhões de mulheres jovens (37,0%), o que representa um aumento de 500 mil e 700 mil, respectivamente, até 2023. Globalmente, 85,8 milhões homens jovens (13,1%) e 173,3 milhões de mulheres jovens (28,2%) não estavam no mercado de trabalho, na educação ou em treinamento em 2024, o que representa um aumento de 1 milhão e 1,8 milhão, respectivamente, em comparação com o ano anterior.

O déficit mundial de empregos – o número estimado de pessoas que querem trabalhar, mas não têm emprego – atingiu 402 milhões em 2024. Isto inclui 186 milhões de pessoas desempregadas, outras 137 milhões que são principalmente trabalhadoras e trabalhadores desencorajados e 79 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar, mas têm obrigações, como cuidar de outras pessoas, que as impedem de ter acesso ao emprego. Embora a diferença tenha diminuído gradualmente desde a pandemia, espera-se que ela se estabilize nos próximos dois anos.

O estudo identifica potencial para crescimento de empregos em energias verdes e tecnologias digitais. Os empregos no setor de energias renováveis cresceram para 16,2 milhões em todo o mundo, impulsionados pelo investimento em energia solar e de hidrogênio. No entanto, esses empregos são distribuídos de forma desigual, com quase metade no Leste Asiático.

As tecnologias digitais também oferecem oportunidades, mas muitos países carecem de infraestrutura e das competências necessárias para se beneficiarem plenamente desses avanços, destaca o relatório.

O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, enfatizou a necessidade urgente de ação:

“Trabalho decente e emprego produtivo são essenciais para alcançar a justiça social e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para evitar agravar a já tensa coesão social, os crescentes impactos climáticos e o aumento da dívida, precisamos agir agora para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e criar um futuro mais justo e sustentável”.

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