O consumidor brasileiro é entusiasta de um futuro livre do uso de dinheiro físico para pagamentos. É o que aponta a pesquisa “Terceira Onda de Inovação Fintech”, realizada pelo PayPal. Ao todo, 79% dos respondentes brasileiros disseram gostar da ideia de não ter de usar dinheiro, índice acima dos demais mercados pesquisados – 72% dos chineses gostariam do futuro sem cédulas e moedas, seguidos por 58% dos estadunidenses e 40% dos alemães. Mais de um terço de todos os respondentes relatou altos níveis de entusiasmo em eliminar o dinheiro físico de suas vidas.
A pesquisa “Terceira Onda de Inovação Fintech” foi realizada pela equipe de Política Pública e Pesquisa do PayPal e envolveu um público de 4 mil pessoas em quatro mercados – EUA, China, Brasil e Alemanha. A pesquisa buscou entender melhor como os consumidores estão acessando serviços financeiros; como a evolução das tecnologias pode melhorar o acesso financeiro e a saúde financeira; e as condições e requisitos para inovação responsável e equitativa no setor de fintech.
Os respondentes da pesquisa nos quatro mercados expressaram pontuações esmagadoramente altas ao se classificarem como “extremamente” ou “de certa forma propensos” a usar uma moeda digital de um Banco Central (Central Bank Digital Currency – CBDC), embora os totais fossem mais altos na China e no Brasil em comparação com EUA e Alemanha. Enquanto os consumidores mais jovens – especialmente os Millennials (pessoas nascidas entre 1981 e 1996) – foram os mais propensos a querer usar a CBDC, uma maioria substancial de quem prioriza dinheiro atualmente também indicou certa ou extrema probabilidade de usar a CBDC. Este último ponto apoiaria o potencial para um futuro sem dinheiro e ressalta a importância de trazer atributos semelhantes ao dinheiro físico para o dinheiro digital emitido pelo governo.
Apesar das altas pontuações para uso futuro de CBDC, os entrevistados expressaram níveis mistos de entusiasmo por soluções de identidade digital em substituição às carteiras de identidade físicas, algo que se tornaria pré-requisito para o uso geral de CBDC. Novamente, os brasileiros e os chineses se mostram entusiastas da digitalização em comparação com outros mercados – 57% dos consumidores no Brasil e 70% dos consumidores na China indicaram preferência por carteiras de motorista digitais, por exemplo. Já cerca de 71% dos entrevistados nos EUA e na Alemanha indicaram uma preferência por portar uma carteira de motorista física em vez de uma versão digital.
Com a aceleração da digitalização, incluindo compras online e pagamentos sem contato (contactless), muitos esperavam que a pandemia acabasse com o domínio do dinheiro. No entanto, o dinheiro continua a ser importante e resiliente: os entrevistados pela pesquisa relataram que usam dinheiro físico ou moedas para pagar por itens do dia a dia em quase 50% das situações. No Brasil, o índice fica na casa de 38%.
Embora uma preponderância de entrevistados nos quatro mercados esteja usando menos dinheiro agora devido à Covid e queira usar menos dinheiro daqui para frente, houve uma sólida minoria que indicou querer usar mais dinheiro em 2021 (26% dos respondentes brasileiros). Parte desse desejo poderia ser interpretado como entusiasmo por voltar a uma certa normalidade no pós-pandemia.
Para transações presenciais, o dinheiro continua sendo a forma de pagamento preferida em geral, embora os consumidores mais jovens relatem um uso relativamente maior de pagamentos eletrônicos. Em conjunto, essas descobertas indicam que, mesmo enquanto a sociedade caminha para o fim do dinheiro, há razões para acreditar que ele continuará popular entre os consumidores, pelo menos no curto a médio prazo. Os principais motivos para usar dinheiro incluem o fato de ele não sofrer cobrança de taxas, a facilidade de uso em qualquer lugar, a capacidade de controlar melhor os gastos e o anonimato. Essas características do dinheiro são importantes para os usuários e devem fornecer um contexto importante para que possamos considerar as formas futuras de moeda.
Já estudo da PGMais, empresa especializada em soluções digitais para o mercado de relacionamento, registrou aumento de 500% nos últimos cinco anos no processamento de documentos digitais, mostrando que o consumidor está cada vez mais conectado. Para se ter ideia, o envio de documentos por canais digitais passou de 49,2 milhões, em 2015, para 301,6 milhões em 2020. Por outro lado, a emissão de documentos físicos, como cartas de cobrança e boletos, caiu mais de 75%, em cinco anos – de 78,4 milhões em 2015, para 20 milhões, no ano passado.
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