A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta segunda-feira que o mundo se una para acabar com a pandemia de Covid-19 dentro do próximo ano. A agência de saúde da ONU apontou: “2022 deve ser o ano em que terminamos a pandemia”.
Com festas chegando no final do ano, “todos nós queremos voltar ao normal”, de acordo com a OMS, acrescentando que “precisamos nos proteger agora”.
É melhor cancelar eventos agora e celebrar mais tarde do que celebrar agora e sofrer mais tarde, ressaltou a organização.
Desde que a variante Ômicron foi descoberta pela primeira vez na África do Sul, já foi encontrada em dezenas de países, destacou a OMS, observando que a nova variante não é mais grave que a Delta, mas é possivelmente mais contagiosa e resistente às vacinas.
Quanto à desigualdade no acesso às vacinas, a OMS alertou que “se quisermos acabar com a pandemia no próximo ano, devemos acabar com a desigualdade”.
A organização pediu às famílias que repensem o Natal face ao rápido avanço da variante Ômicron.
“Um evento cancelado é melhor que uma vida cancelada”, afirmou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que alertou para as aglomerações durante a época festiva que se aproxima, lembrando que elas podem levar a um “aumento de casos, à sobrecarga dos sistemas de saúda e a mais mortes” por Covid-19.
“Todos nós queremos voltar ao normal. A forma mais rápida de conseguir passa pela tomada de decisões difíceis, por líderes, para defender a todos. Em alguns casos vai significar cancelar ou adiar eventos”, explicou, em entrevista coletiva ontem.
“Um evento cancelado é melhor do que uma vida cancelada. É melhor cancelar agora e celebrar depois do que celebrar agora e lamentar depois”, afirmou.
Dr. Tedros explicou que atualmente existem evidências de que esta nova variante está se dispersando significativamente, mais rápido do que a estirpe anterior, a Delta, causando infeções em pessoas já vacinadas ou que se recuperaram da Covid-19.
“É mais provável que as pessoas vacinadas ou recuperadas possam ser infectadas ou reinfectadas”, disse.
Dessa forma, a OMS considera “insensato” concluir que a Ômicron é uma variante “mais branda”. “É insensato pensar que esta é uma variante branda, que não causará doenças graves, porque com os números aumentando, todos os sistemas de saúde estarão sob pressão”, disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS. A organização deu, no entanto, alguma esperança ao considerar que a pandemia, que já causou mais de 5,6 milhões de mortes em todo o mundo, poderá acabar em 2022, se 70% da população mundial estiverem vacinados até meados do próximo ano.
“Nós esperamos que essa doença passe a ser relativamente branda, que seja facilmente prevenida, que seja facilmente tratada”, disse Mike Ryan, principal especialista em emergências da OMS. “Se conseguirmos manter a transmissão do vírus ao mínimo, poderemos acabar com a pandemia”, declarou.
Tedros também afirmou que a China – país onde o vírus SARS-CoV-2 foi detectado pela primeira vez – deve fornecer mais dados relacionados à origem da Covid-19 para ajudar na futura política de combate a pandemias.
“Precisamos continuar até conhecer as origens, precisamos de nos esforçar mais porque devemos aprender com o que aconteceu para fazer melhor no futuro”, disse o diretor-geral da OMS.
A Ômicron foi detectada em dezenas de países e, segundo os primeiros estudos, possui uma capacidade de transmissão até 70 vezes maior que outras variantes. Por outro lado, um estudo da Universidade de Hong Kong afirma que essa maior transmissão se dá em tecidos das vias aéreas, enquanto nos tecidos pulmonares o vírus possui até 10 vezes menos reprodução, sustentando a tese de que essa variante possa ser menos letal do que as anteriores.
O Reino Unido já acumula 12 mortes e 104 hospitalizações pela variante, além de ela já representar cerca de 60% dos casos na Inglaterra e 10% na França. Assim, as novas restrições e lockdowns (confinamentos), como já anunciado na Holanda, criam um cenário de preocupação, muito diferente da expectativa de um final de ano de recuperação puxada pelos serviços e comércio.
Pelos estudos divulgados até o momento, a necessidade da aplicação de doses de reforço é certa, mas ao menos com a imunização inteira (duas doses ou dose única) já é possível desenvolver alguma barreira, principalmente contra casos graves. Com isso, no Brasil, diante da baixa cobertura vacinal completa e da aplicação de doses de reforço ainda em estágio inicial, o risco de uma piora do quadro pandêmico não pode ser descartado.
Com informações da Xinhua e da Agência Brasil, citando a RTP