O uso de ônibus elétricos no transporte público urbano está se consolidando como uma solução estratégica frente aos desafios ambientais, econômicos e de mobilidade enfrentados pelas cidades. No caso do Rio de Janeiro, essa tecnologia se apresenta como uma oportunidade ímpar para transformar o sistema de transporte da Região Metropolitana, especialmente ao serem integrados como alimentadores de sistemas metroferroviários e aquaviários.
Este artigo analisa os benefícios, desafios e críticas dessa inovação, destacando seu potencial para uma mobilidade urbana mais sustentável e eficiente. O que aqui for escrito vale para todas as grandes cidades.
A principal vantagem dos ônibus elétricos está na drástica redução de emissões de gases poluentes, como CO₂, e outros responsáveis pela degradação da qualidade do ar. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde o trânsito é uma das maiores fontes de poluição, a substituição de ônibus a diesel por modelos elétricos pode impactar positivamente a saúde pública, particularmente em áreas densamente povoadas. Além disso, a operação silenciosa desses veículos reduz a poluição sonora, proporcionando maior conforto aos moradores e passageiros.
Outro ponto positivo é a eficiência energética superior dos ônibus elétricos, que consomem menos energia por quilômetro percorrido e podem ser recarregados em horários de menor demanda, como a madrugada. Apesar do custo inicial mais elevado, os menores gastos com manutenção e operação tornam o investimento atrativo no longo prazo, especialmente em frotas de grande porte.
A adoção de ônibus elétricos exige superar alguns obstáculos, sendo o custo inicial uma das barreiras mais citadas. A aquisição de veículos elétricos é significativamente mais cara, mas pode ser amortizada por meio de incentivos governamentais e parcerias público-privadas.
Outro desafio relevante é a infraestrutura de recarga, que demanda investimentos robustos em estações localizadas em pontos estratégicos, como garagens e terminais. A autonomia limitada das baterias também é frequentemente citada como um entrave, principalmente em rotas mais longas.
No entanto, a evolução tecnológica e o planejamento adequado podem mitigar esse problema, priorizando o uso em trajetos de curta e média distância, com recarga nos terminais de integração. As críticas mais recorrentes incluem o custo elevado, a necessidade de infraestrutura e a autonomia das baterias.
Por outro lado, argumentos favoráveis têm sido amplamente debatidos. Por exemplo, a integração dos ônibus elétricos ao sistema metroferroviário apresenta-se como uma solução lógica, evitando a duplicação de trajetos e otimizando os recursos disponíveis. Os ônibus podem ser usados para transportar passageiros até as estações de metrô e trem, reduzindo a sobrecarga das linhas principais e os congestionamentos nas vias urbanas. Essa integração também pode beneficiar os passageiros financeiramente, com tarifas unificadas que diminuem o custo das viagens e incentivam o uso do transporte público.
No contexto do Rio de Janeiro, a substituição da frota de ônibus a diesel por modelos elétricos não apenas contribui para a redução da poluição, mas também melhora significativamente a experiência do usuário. Menos ruído, menos vibração e maior conforto criam um ambiente mais agradável para os passageiros.
Adicionalmente, a integração tarifária na Região Metropolitana pode ser expandida, consolidando um sistema multimodal eficiente e acessível. Tal abordagem tem o potencial de atrair novos usuários para o transporte público, diminuindo a dependência de veículos individuais e os impactos negativos sobre o trânsito e o meio ambiente.
O Brasil já conta com fabricantes renomados de ônibus elétricos, como BYD, Eletra e Volvo, que oferecem soluções customizadas para as demandas locais. Esses avanços tecnológicos, aliados a estratégias de financiamento inovadoras e políticas públicas favoráveis, tornam viável a transição para uma frota mais sustentável.
A incorporação de ônibus elétricos ao sistema de transporte urbano do Rio de Janeiro é mais do que uma tendência; é uma necessidade estratégica para enfrentar os desafios contemporâneos de mobilidade e sustentabilidade.
José Augusto Valente é membro da Divisão Técnica de Transporte e Logística do Clube de Engenharia. Foi secretário de Política Nacional de Transportes e presidente do DER-RJ.