As Nações Unidas revelaram que 274 milhões de pessoas em todo o mundo precisarão de ajuda e proteção de emergência no próximo ano. O total corresponde a um aumento de 17% em comparação com os 235 milhões no período anterior.
Em mensagem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destaca que as agências humanitárias entregaram alimentos, remédios e outros produtos essenciais para salvar a vida de 107 milhões de pessoas, em 2021. Entretanto, é preciso fazer mais para superar os atuais níveis de financiamento. Segundo Guterres, o mundo deve se unir para apoiar crianças, mulheres e homens que não têm a quem recorrer.
Já o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disse no lançamento da Visão Geral Humanitária Global, em Genebra, que o valor necessário é equivalente ao “quarto país mais populoso do mundo”.
O documento publicado anualmente pelas Nações Unidas e parceiros, inclui 37 planos de resposta cobrindo 63 nações. No topo da lista estão países como Afeganistão, Síria, Iêmen, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Somália, Nigéria, Mianmar.
O único lusófono com um Plano de Resposta Humanitária a ser coberto é Moçambique, com cerca de 1,5 milhão de carentes. A resposta humanitária quer alcançar 1,2 milhão de pessoas com US$ 388,5 milhões.
No total, a ONU estima que US$ 41 bilhões sejam necessários para fornecer alívio e proteção às 183 milhões em todo o mundo.
Griffiths disse que a crise climática afeta primeiro e de forma mais grave as pessoas mais vulneráveis. Fatores como conflitos prolongados aumentam e a instabilidade piorou em várias partes do mundo, principalmente na Etiópia, em Mianmar e no Afeganistão.
Vacinas
Segundo Griffiths, está claro que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou, e que países menos desenvolvidos enfrentam privações no acesso a vacinas. A meta é que “o apelo global possa dar um vislumbre de esperança para milhões de pessoas que precisam desesperadamente dele.” O Ocha estima que mais de 1% da população mundial está deslocada e que a pobreza extrema esteja novamente em alta.
Na maioria das crises, mulheres e meninas são as que mais sofrem à medida que as desigualdades de gênero e os riscos de proteção aumentam. A organização ressalta que 45 milhões de pessoas vivendo em 43 países estão na iminência de fome.
A atuação pretende evitar que a situação ocorra em nível global e ajudar a enfrentar as principais ameaças que levem à insegurança alimentar: conflito, crise climática, Covid-19 e choques econômicos.
Cerca de 120 organizações da sociedade civil, sendo cerca de uma centena de países atingidos pela fome, publicaram uma carta conjunta instando os líderes mundiais a financiar totalmente a resposta.
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